Senti-la crescer em mim foi estranho. Ali estava ela, dentro de mim, mas de forma tão abstrata. Tantos órgãos, tanta pele a unir-nos, mas também a separar-nos. À medida que os meses foram passando e o parto se aproximava, mais do que vê-la, ansiava ouvi-la. Queria (re)conhecê-la, descobrir tudo sobre ela.
Foram anos a sentir que a Margarida, um dia, chegaria. A minha Margarida. Mas quem chegou, há precisamente um ano, foi antes a "nossa Margarida". A Margarida que é tão minha quanto do pai, que é o nosso reflexo, que nos transforma todos os dias em algo, seguramente, melhor.
Hoje, mais do que celebrar o primeiro ano de vida da nossa filha, celebramos o nosso primeiro ano enquanto pais. Um ano que acredito ser o mais desafiante. De repente, a vida muda radicalmente e não há livros que nos preparem, verdadeiramente, para o turbilhão que se seguirá.
Hoje vou relembrar cada pedacinho desse dia, as horas que antecederam o nascimento, o primeiro som, as lágrimas do pai, o meu alívio, o nosso abraço, inevitavelmente o sofrimento físico, mas, acima de tudo, vou deixar-me levar por este encantamento, este amor que me faz relembrar tudo com um sabor ainda mais especial.
Hoje vou, também, sentir orgulho em mim. Vou sentir-me uma privilegiada por ter sido parte tão activa no nascimento da pessoa mais importante do (meu) mundo. Se o nascimento de um filho é sempre emocionante, fazer parte desse processo é simplesmente mágico. Um ano depois, olho para trás e sinto que aquilo que ali se passou, naquela sala de partos, foi pura natureza, mesmo com todos aqueles profissionais à nossa volta - foi entre mim e ela. Um corpo que se contrai para ajudar, e outro, pequenino, que sabe exactamente o que fazer para aproveitar o balanço.
Sobrevivemos ao primeiro ano, vivendo tudo intensamente. E o saldo não poderia ser mais positivo.
Sempre soube que teria uma filha chamada Margarida. A nossa Margarida. Assim mesmo, tal como é.
Parabéns, meu amor*
Parabéns, meu amor*
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Parabéns a Margarida :)
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