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Não tenho nada contra ti. Na verdade, não sei se és a mãe do Santiago, da Laura ou do Abel. Não preciso saber sequer. Sei que és mãe de uma criança que partilha todos os dias a sala com a minha filha. Que eles brincam e crescem juntos diariamente. E sei também que, ontem, decidiste levar mousse de chocolate para a tua criança festejar com os miúdos. Quando soube, confesso que te insultei baixinho. Que me passei, vá. Nada contra que a tua criança coma mousse de chocolate - ela é isso mesmo - tua. Mas a Margarida é a minha filha, percebes? Eu e o pai dela somos os responsáveis por ela e isso aplica-se, também, ao que ela come e, especialmente, ao que não come. Para além de saber que és a mãe de uma criança que partilha a sala com a minha filha, sei também que, seguramente, não sabes o que é ter um filho com intolerâncias alimentares ou com algum tipo de restrição alimentar, por motivos de saúde - e nem vou entrar por outras motivações ou convicções. E se, por um lado, fico feliz por não saberes (sendo isso boas notícias para o teu filho), por outro, incomoda-me que penses apenas na tua criança, quando preparas um doce para levar para a creche. Sabes, na sala dos nossos filhos convivem diariamente 17 crianças. Dezassete.
Acredito que a tua intenção fosse a melhor. Acredito mesmo. Preparaste uma mousse que, aposto, é a preferida da tua criança. Mas enquanto tu, provavelmente, foste para o teu local de trabalho feliz, a pensar que a tua criança e todas as outras se iriam deliciar com o manjar que preparaste, eu só conseguia imaginar a minha filha a sentir-se excluída, a ter de comer uma peça de fruta (como ficou combinado com a educadora - que nos questionou, como sempre), enquanto via os outros meninos a lambuzarem-se todos com a tua mousse maravilhosa. Como essa era uma imagem que me fazia insultar-te cada vez menos baixinho, a meio da manhã o pai foi lá a correr levar um queque de cenoura, numa tentativa de minimizar o estrago.
Acredito que a tua intenção fosse a melhor. Acredito mesmo. Preparaste uma mousse que, aposto, é a preferida da tua criança. Mas enquanto tu, provavelmente, foste para o teu local de trabalho feliz, a pensar que a tua criança e todas as outras se iriam deliciar com o manjar que preparaste, eu só conseguia imaginar a minha filha a sentir-se excluída, a ter de comer uma peça de fruta (como ficou combinado com a educadora - que nos questionou, como sempre), enquanto via os outros meninos a lambuzarem-se todos com a tua mousse maravilhosa. Como essa era uma imagem que me fazia insultar-te cada vez menos baixinho, a meio da manhã o pai foi lá a correr levar um queque de cenoura, numa tentativa de minimizar o estrago.
Conhecendo a minha filha como conheço, comentei de imediato com o pai que ela é que ia ficar a sentir-se A especial, a privilegiada - e foi exactamente o que aconteceu. Segundo a educadora, nem olhou para os outros, de tão encantada que estava com o queque. Quando chegou a casa, disse "mamã, hoje comi bolinho de cenouraaaaaa!", e quando lhe perguntei o que tinham comido os outros meninos, respondeu "não sei, um doce qualquer".
É só por isso que já não tenho nada contra ti - porque conseguimos, com a ajuda da educadora, dar a volta à coisa. Mas para a próxima, por favor, lembra-te que existem, pelo menos, mais 16 criancinhas no mundo, para além da tua, pode ser?
Grata pela compreensão.
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