quinta-feira, 5 de março de 2015

"NÃO!"

Imagem via Pinterest
Ontem, em conversa com uma amiga, também ela mãe, falávamos do quão chatas nos sentíamos por estar constantemente a dizer 'não!".

A Margarida sempre gostou de mexer em tudo, sempre quis desesperadamente isto e aquilo, para, ao fim de 10 segundos, desejar com todas as suas forças outra coisa qualquer. Não sei o que é ter um bebé calmo, que se entretém durante minutos a brincar sozinho. A Margarida já é bem capaz de se entreter sozinha, mas quer tudo o que não pode, ou não deve. E quer já. Explora rápido e parte para outra. Naturalmente, isto implica uma atenção constante e, pior, uma repetição de 'nãos!' que até a mim cansa e que me deixa com a sensação de que eu é que deveria levar com um tremendo 'NÃO!', porque, afinal, a criança está a crescer e tem de explorar.

É óbvio que não podemos deixar que os bebés/crianças façam determinadas coisas, acima de tudo, para sua própria segurança. Existem 'nãos' necessários e quase obrigatórios. Mas, ultimamente, dou por mim a questionar-me se não cairemos, por vezes, no exagero. Um exagero cómodo. 

Refiro-me ao 'não!' que me escapa de cada vez que estou a tentar escrever uma mensagem no telemóvel e a Margarida se lembra de sair de perto de mim, sabendo eu que ela vai para onde não deve - por ser potencialmente perigoso. Esta e outras situações que tais, em que o meu comodismo (que também pode ser carinhosamente lido como cansaço-por-já-ter-ido-agarrar-a-miúda-setenta-e-duas-vezes-antes-que-se-magoasse) me fez soltar um sonoro 'não!'. 

Chego à conclusão que nós, pais, acabamos por desenvolver dois tipos de 'nãos':
  • O 'não!' porque te podes magoar, porque vais cair, porque está sujo, porque simplesmente não podes mexer nisso, porque não é teu, porque vais arrancar as teclas e eu quero lá saber que faças birra. O 'não' preocupado e que educa. 
  • O 'não!' porque quero acabar de escrever esta mensagem mesmo importante (ou nem por isso) e tu não páras um segundo!, porque vais sujar a roupa toda e ainda hoje pus tudo para lavar, porque vais desarrumar a sala e eu estou demasiado cansada para arrumar, porque estou exausta e tu não queres dormir. O 'não' cansado, comodista, que escapa da boca dos pais sem grande justificação.
Nesta fase em que a Margarida me rouba cada vez mais 'nãos' (de ambos os tipos), tento estar atenta à frequência com que os digo e, sobretudo, à razão que tenho, ou não, para os dizer. 

Até para não voltar a cair no ridículo de repreender o gato com um automático 'NÃO! Não pode!!'.

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