segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

As mães que eu não suporto II

Imagem via Pinterest

aqui tive oportunidade de manifestar o meu asco desagrado face a muitas 'mãezinhas'.
Infelizmente, cada vez mais me convenço que a maioria das mães com que me cruzo não são apenas pequeninas enquanto mães. São seres humanos minúsculos, mesquinhos e pobrezinhos. 

E a pobreza de espírito é tal, que essas criaturas não param de me surpreender, mesmo nas urgências pediátricas de um hospital. Mesmo, elas próprias, com filhos prostrados nos braços. 

Num dos episódios mais recentes, estava eu (também doente), com a Margarida nos braços, à espera (e à espera, e à espera...) de ser chamada. Mas a Margarida estava doente (por isso é que lá estávamos!), logo, para ela nada estava bem. Foi choro, contorcionismo, um sono que só a frustrava mais, muita tosse, muito calor. Muito, muito desconforto. 

Eu (já disse que também estava doente?) sentava-me, numa tentativa de aliviar um pouco as costas daqueles 10kgs de pessoa. Mas ela ficava possuída. Levantava-me com ela ao colo. Tinha de me sentar outra vez. Numa dessas vezes, já a sentir-me mal com o calor, tentei tirar o casaco. O meu. 

Objectivo: Tirar o casaco
Obstáculos: Um bebé de 9 meses ao colo, doente, possuído e contorcionista
Desafio: Conseguir, com um único braço e uma única mão, despir a manga do casaco (que estava demasiado justo, tal era a quantidade de roupa que trazia por baixo - isto de sair a correr para as urgências não combina propriamente com grandes produções!)
Desafio 2: Não deixar cair o bebé contorcionista, no meio da operação. Com um só braço, porque o outro já estava preso - sim, fiquei com o outro braço entalado na manga do casaco. Não entrava nem saia. 
Pessoas à volta: Umas 50, no mínimo.
Ajudas: 0! Z-E-R-O.
Desafio 3: Não insultar cada uma das 'mãezinhas' que ficou com cara de parva a assistir à cena, com um ar ora sádico, ora intrigado, de 'deixa cá ver como ela se vai safar desta'.

É isso mesmo que leram. Numa urgência pediátrica cheia de mães - esses seres tão afáveis e altruístas, que nasceram para cuidar dos outros -, com pessoas sentadas à minha frente, ao meu lado, atrás de mim, não houve uma única pessoa que oferecesse ajuda. Que esticasse a mão e puxasse a porra da manga do casaco.

Não, não equacionei pedir ajuda. Respirei fundo, pousei a Margarida no chão (a rezar para ela colaborar), de pé, com as mãos apoiadas nas minhas pernas e segurei-a entre os meus joelhos. Libertei o braço, pousei o casaco, voltei a pegar na Margarida e, ao olhar para aquelas pessoas, vi, mais do que mães pequeninas, seres humanos medíocres. 

Seres humanos que, além de não saberem estender a mão (literalmente) a quem precisa, ainda olham para o borboto do pijama da criança do lado. Que, só por acaso, está numa urgência pediátrica. Tal como os filhos delas. Mas de sapatos, claro, que isso de ir de pantufas para as urgências seria uma pouca vergonha!

P.S.: Ao ler este post, o pai da Margarida perguntou "e o pai? estava no carro a comer bolachas?". Não, estava a comer um croissant. As regras permitem que apenas um adulto acompanhe o bebé/criança. Mas, pouco depois, o pai conseguiu dar a volta ao segurança e salvar a mãe! Yay!

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sábado, 24 de janeiro de 2015

"Porquê?"

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Até aos sete meses, a Margarida nunca esteve doente. Ao completar dois meses, já dormia tranquilamente e sem interrupções 10, 11, 12 horas por noite (adormecê-la é que era mais complicado, mas isso é outra história), nunca a ouvimos tossir, nunca teve pingo no nariz ou febre. 

Aos sete meses chegou uma otite. Duas semanas depois, uma laringite. Ouvimos a Margarida tossir todos os dias e, sobretudo, todas as noites, há precisamente dois meses e meio. Já perdemos a conta à quantidade de medicamentos que tomou, às idas a urgências, às nebulizações, às noites demasiado longas. 

E quando parece que não pode piorar, não é que a coisa piora mesmo?!
Ao cenário anterior, adicionámos recentemente três novas aquisições: uma bronquiolite, uma gastroenterite e uma conjuntivite.

[É escusado dizer que um bebé nunca fica doente sozinho, não é? Estamos os três doentes, de forma quase ininterrupta, desde que foi oficialmente aberta a época das 'ites.]

Não foram poucas as noites em que olhámos um para o outro e questionámos "porquê mais isto?". É que, por muito que saibamos que febres e tosses são mecanismos importantes para o organismo dela, enquanto pais e não médicos da Margarida, vemos um bebé desesperado por dormir, sem estar sempre a acordar com ataques de tosse. Ou por comer, sem ter de vomitar tudo de seguida. 

Mas, quando tudo acalma e a tosse dá algumas tréguas, conseguimos ver que, sim, existe um propósito que vai muito para lá dos processos que aquele pequeno corpo tem de levar a cabo, para se tornar mais forte, menos vulnerável. 
Acredito que ter um filho doente eleva o exercício da paciência ao máximo. Esse e o do amor. Ter um filho requer uma total disponibilidade e doses gigantescas de paciência. Ter um filho doente requer isso ao quadrado . 

Esta experiência faz-nos sentir, muitas vezes, ali no limiar do desespero, do cansaço, da frustração. Mas é quando tudo acalma que se faz sentir o quanto crescemos, nos fortalecemos e tornamos menos vulneráveis, os três, por cuidarmos uns dos outros.

O corpo da Margarida está a ganhar defesas e imunidades. E nós também.

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Ser mãe e ser... tudo o resto

Imagem via Pinterest 
Quem me conhece ou já leu uma ou outra divagação minha a respeito do antes e depois dos filhos, fica com a ideia que, para mim, há coisas que não têm forçosamente de mudar. E estão certos. 

As coisas que temos de alterar e ajustar, para nos tornarmos (bons) pais de alguém, são óbvias. Nem vale a pena dissertar muito mais sobre isso. Mas, nove meses após me ter estreado nestas andanças, continuo a acreditar no que acreditava antes - ser mãe não tem de me anular em nenhum outro papel que eu desempenhe. Pelo contrário. Só me adiciona. 
Ser mãe da Margarida transforma-me, afina-me, ensina-me todos os dias. De tal forma que só posso acreditar que isso fará de mim uma melhor pessoa. Pelo menos, uma mais focada no que e em quem realmente importa. 

Tirando as rotinas que naturalmente tivemos de adoptar e que diariamente cumprimos, acreditei sempre que, com organização, tudo se conseguiria fazer. Acreditei que, apesar de ser mãe da Margarida e de ela ocupar grande parte do meu dia (e pensamento), conseguiria fazer outras coisas. Coisas que tenho de fazer, coisas que deixei em suspenso e coisas que desejo mesmo fazer. 

Até ao dia em que decidi começar a dedicar-me a um novo projecto e, pouco depois, a Margarida adoeceu. E com um bebé doente, onde entra a organização? Não entra. De todo. Com um bebé doente em casa, o resto deixa de existir. Seja pela falta de disposição ou pelo cansaço. O estado de espírito oscila entre a preocupação e a frustração por ter de deixar isto e aquilo em suspenso. Precisamente no momento em que a cabeça andava a fervilhar com ideias!

Assim passámos os últimos dois meses. Ou temos vindo a passar, para ser mais concreta. Esta cadeia de acontecimentos menos agradáveis tem sido uma lição. Se há coisas que não têm de mudar com a maternidade, há outras que mudam inevitavelmente. Posso não me anular, mas passo, rapidamente, para segundo ou terceiro plano. E os meus planos passam para último. 

Estou desejosa de poder voltar à rotina normal, com disponibilidade (a todos os níveis) para me entregar ao que deixei em suspenso. Ao que tanto me apaixona.

É que se eu sou melhor por ser mãe da Margarida, também acredito que sou melhor mãe da Margarida se puder ser tudo o resto.

Mas o que nunca poderá ficar em suspenso é o meu papel de mãe.

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

9 na barriga, 9 no coração

Steve Hanks
Para mim, este dia 7 tem um sabor especial, diferente daquele que terá para qualquer outra pessoa que faça parte da vida da Margarida. Não é apenas mais um mês de vida.

A Margarida completa hoje 9 meses. 9 meses de vida extra-uterina, uma vida que tem sido fonte de alegria para todos aqueles que a amam e se deliciam com cada nova descoberta, conquista ou gracinha. 

Nove meses. O equivalente ao tempo que a tive só para mim, em mim. É impossível passar por este marco sem pensar nos nove meses de gestação e perceber que, agora, a Margarida está há mais tempo no mundo. 
Mas se, para o mundo, a Margarida chegou há 9 meses, para mim, a Margarida está em mim há exactamente 18 meses, se somarmos o literal e o figurado. 

À medida que vejo a Margarida crescer (e com ela o meu amor), mais sinto o privilégio que foi aquele pequeno ser ter-se formado em mim, através de mim, dos meus órgãos. Foram 9 meses de um coração a bombear para ela. Somam-se agora mais 9 de um coração que bate por ela. Ao todo, 18 meses de amor. Os primeiros. 

Aos 9 meses, a Margarida continua a ser uma menina-furacão, eléctrica que só ela, sedenta por novidades, brincadeiras e movimento. De uma alegria inesgotável. 
E, à medida que ela cresce, as palavras encolhem de forma proporcional. Tornam-se pequeninas perante o espectáculo a que assistimos dia após dia. Descrever a Margarida é uma tarefa quase impossível. Seria como tentar descrever o amor.

Hoje celebro (os primeiros) 18 meses da Margarida em mim. 9 na barriga, 9 no coração.


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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sê muito bem-vindo, 2015!


Não vou dizer que 2014 foi o melhor ano de sempre. 2014 foi o ano mais importante. Um ano de profundas mudanças, de crescimento, desafios, aprendizagens e incontáveis alegrias. Foi o ano da Margarida. Um ano de amor. 
Os três primeiros meses foram ainda vividos à espera dela - sendo que o último mês equivaleu quase a um ano, tal era a forma como o relógio parecia ter abrandado, numa espera ali a roçar o desesperante. Os restantes 9 meses foram vividos com e para ela. A três. E, de entre tantas coisas que aconteceram, sinto que apenas ela me aconteceu, verdadeiramente, em 2014. Vivi para ela, quase em regime de exclusividade. 
Em 2014 tornei-me mãe e sinto que o resto da minha vida se irá dividir numa espécie de A.2014 e D.2014. 
O ano de 2014 ficará para sempre cravado em nós, como parte integrante da nossa história. Um ano bom, tão bom! 
Chegamos a 2015 com a certeza de que faríamos tudo de novo, conhecendo o que é a mais pura felicidade. O amor maior foi-nos apresentado em 2014.

Entrar em 2015 assim, de coração cheio, é a maior garantia de que o futuro será, independentemente de tudo o resto, repleto de amor.

Obrigada, 2014!

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