segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Até ser mãe

Sempre gostei de espontaneidade. Refiro-me àquela espontaneidade que nos permite mudar de planos, combinar um café, um jantar ou uma qualquer saída, quase em cima da hora. O inesperado era coisa que me agradava. Claro que, na maioria das vezes, a vida obrigava a alguma reorganização, coisa que facilmente conseguia fazer com um ajuste aqui e outro ali. Até ser mãe.

Depois veio a Margarida. Com ela, trouxe a exigência de uma dedicação exclusiva, a anarquia total das horas, dos dias, das semanas que se transformaram num mês e depois em dois.
E se, no início, não podemos falar propriamente em horários ou rotinas de um recém-nascido, isso não significa que nós, pais, não tentemos, dia após dia, criar uma rotina, acções em horários que se repetem, e que ajudem, essencialmente, o bebé  a começar a orientar-se cá fora.

Com o passar do tempo, começa-se a conhecer o bebé, a perceber o que ele precisa, quando precisa e durante quanto tempo. Até que vem uma nova fase e tudo muda. O bebé muda! Começa-se novamente a tactear tudo, a fazer ajustes, a reavaliar horários, a criar novas rotinas. E assim sucessivamente.
Persistir numa rotina passa a ser um objectivo diário e, assim que percebemos a forma como a repetição das acções ajuda o bebé a viver melhor, sentimos que aquele é o único caminho que devemos seguir. Para bem de todos. 

Isso significa, sim, que as necessidades do bebé passam a estar em primeiro. Tudo o resto que acontece, nos primeiros tempos de vida daquele ser, acontece nos intervalos. Ou assim deveria ser. Infelizmente, acredito que, na grande maioria dos casos, os pais são os únicos a respeitar e a compreender as necessidades do bebé. Mas, em boa verdade, é por isso mesmo que somos nós os pais, certo? Se há dias em que a incompreensão e a falta de cooperação de terceiros me incomodam, na maioria das vezes, tudo se contorna com algum jogo de cintura e com a ideia presente de que as pessoas não o fazem por mal.

Até ser mãe, sempre fui bastante flexível com horários e atrasos. Agora não sou. É o bem estar da Margarida que está em jogo e esse estará, para sempre, à frente de tudo. Por isso, não estranhem se por vezes nós, pais, vos parecermos demasiado rígidos e inflexíveis. Continuaremos a sê-lo, mesmo tendo de levar, eventualmente, com alguma incompreensão e caras feias pelo caminho.

Poderia afirmar que a maternidade me tirou a liberdade de fazer o que quero, quando quero. Mas não. A maternidade veio apenas alterar aquilo que eu quero. E o que eu quero, acima de todas as coisas, é que a Margarida esteja bem, que as suas necessidades e horários sejam respeitados. Que ela coma, durma e brinque nos tempos que eu já lhe sei serem os mais convenientes. Depois, assegurada essa parte, venham daí as visitas, os passeios e os jantares, que nós também gostamos (e muito) de ser  e ver gente!

Há quem acredite que o bebé tem de se ajustar à vida dos pais. Cá em casa, acreditamos e defendemos o contrário. Nem concebemos a vida de outra forma. Quem quiser juntar-se a nós, com ou sem Margarida por perto, terá de compreender isso. E avisar com alguma antecedência, já agora!

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