terça-feira, 21 de outubro de 2014

As mães que eu não suporto



A propósito do artigo Pessoas sem filhos vs Pessoas com filhos, publicado, ontem, no P3, chego à conclusão de que não suporto a maioria das mães. Não suporto as mulheres que, tendo filhos, passam a ter prazer em cultivar o caos que é a vida, agora, com filhos. É um prazer sado-masoquista. Adoram alarmar as futuras mães, ditar-lhes uma sina fatídica, em que sono, higiene e vida amorosa passam a ser uma memória remota. 

Adoram, também, aliar-se umas às outras, numa espécie de culto, ou mesmo seita, em que existem as mães, essas pobres coitadas que não têm tempo para nada, que não tomam banho, que têm a casa num caos e que, em suma, deixam de existir enquanto seres humanos... e depois existe o resto do mundo. 
Essas mães, as grandes altruístas, tão bem resolvidas que estão, não conseguem parar de fazer comparações, de olhar para a vida da amiga, a que continua a ser gente (sem filhos, leia-se) e invejarem-na. Mas, para a coisa não soar ao que é, lá vem, em jeito de "vamos lá concertar isto", um "mas é o melhor do mundo e não trocava esta vida por nada", como que a minimizar ou descredibilizar a vida do outro, que ainda, não se reproduziu.

Do alto da minha meia dúzia de meses de experiência, permitam-me que repita: não suporto a maioria das mães! Estão a tentar exorcizar o quê? Convencer de quê? Conseguir o reconhecimento de quem? Se decidiram ter um filho, é óbvio que terão menos tempo para vocês, que os banhos terão de ser mais rápidos, que os dias terão uma rotina nova e diferente de tudo o que conheceram, que terão de ir inúmeras vezes ao pediatra, que grande parte do vosso orçamento irá ser gasto em coisas que não são para vocês vestirem, comerem ou brincarem. 

Mas essas mães que eu não suporto insistem em escrever assim, como se lê no referido artigo:

"As pessoas sem filhos anseiam por sexta-feira. As pessoas com filhos temem-na."
Esta mãe, claramente, está muito feliz com a escolha que fez e com o facto de ser obrigada poder passar tempo com os filhos, no fim-de-semana. Filhos felizes, weee!

"As pessoas sem filhos têm cartões de cinema ilimitado. As pessoas com filhos têm cartão IKEA family."
Amiga, nunca tive nem um nem outro! Mas acredito que haja uma qualquer entidade reguladora desse tipo de coisas, pela convicção com que falas!

"Para relaxar as pessoas sem filhos vão para o ginásio. As pessoas com filhos vão para o trabalho."
Portanto, deixa-me ver se eu entendi, as pessoas sem filhos não trabalham. Passam o dia no ginásio. Que grande confusão vai nessa cabeça! (até ia sugerir a esta "mãe" aproveitar o fim-de-semana para relaxar, também, com os filhos, mas depois lembrei-me do primeiro ponto!)

"As pessoas sem filhos escolhem o restaurante em função do menu, do preço, do chef, da decoração ou da localização. As pessoas com filhos entram no primeiro restaurante que tenha cadeiras para crianças."
Ao menos vais jantar fora com a criança, qual é o teu problema? Ok, deve ser fim-de-semana! (Até poderia fazer referência ao facto de qualquer restaurante ter cadeira para crianças, mas isso seria tornar este ponto sem sentido...)

"Ao sábado à noite, as pessoas sem filhos vão jantar fora, ao cinema e a um bar. As pessoas com filhos vão à cozinha aquecer restos no microondas, vêem meio episódio de uma sitcom e adormecem no sofá."
Ao sábado à noite, podes procurar afincadamente um restaurante que tenha cadeiras para crianças. Fica a dica.

"As pessoas sem filhos comem cereais, torradas, sumo de laranja e café ao pequeno-almoço. As pessoas com filhos também, mas metade disso vai parar à roupa, à carpete e aos cortinados."
Gostava que, antes de ser mãe, esse tivesse sido o meu pequeno-almoço típico. Em vez disso, sempre tive animais e, muitas vezes, o meu pequeno almoço foi parar à roupa, à carpete e aos cortinados.

"As pessoas sem filhos sentam-se no sofá a ler um livro e a beber um chá. As pessoas com filhos sentam-se na sanita e fecham a porta da casa de banho à chave para terem 5 minutinhos de relax."
Ora espera lá! As pessoas sem filhos não eram aquelas que iam a restaurantes, bares e cinemas?! O cházinho e o sofá é para as mães, minha menina! 

"As pessoas sem filhos vão domir. As pessoas com filhos vão fazer óó."
Vá lá, ao menos esta não nos impinge a ideia de que as mães sofrem todas de privação de óó. Mas a esquisitice, neste ponto, chega ao domínio da semântica!

"As pessoas sem filhos vão a esplanadas e ao cabeleireiro. As pessoas com filhos vão a parques infantis e ao pediatra."
Há pessoas que se em vez de perderem tempo a escrever pseudo-artigos, fossem ao cabeleireiro, talvez já tivessem menos ar de quem vai apenas ao parque e ao pediatra. 

"As pessoas sem filhos comem sobremesas. As pessoas com filhos escondem-se na cozinha e comem dois quadrados de chocolate para cima do lava-louças. Quando apanhadas em flagrante, as pessoas com filhos dizem que é medicamento e emborcam meio copo de água para validar a farsa."
E depois há quem deva passar o dia a ter de emborcar copos de água, para validar a farsa em que vive. Especialmente se for sexta-feira!

Parem lá de se queixar, "mães". Ninguém vos vai dar o prémio da melhor mãe do ano. Já repararam que mães é o que mais há no mundo? Filhos, esses, existem apenas os nossos.

Oh Happy Daisy | Facebook

5 comentários:

  1. adorei, já fui criticada por não achar piada ao artigo em questão, segundo parece que já não tenho sentido de humor, lol

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  2. Touché mesmo! Tenho dois filhos e não me revejo (nem a minha mulher) em absolutamente nada do que a autora do artigo escreveu....cá para mim, foi escrito durante uns dos cinco minutos que esteve trancada na casa de banho. :D

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Para mim este tipo de mães, não há paciência... Estas adoram glorificar como são mais maduras,ocupadas que as outras e o que abdicaram, mas adoram pelos filhos... Mas convivo com muita mãe que não é assim, sabe ser mulher, amante e mãe não é preciso este dramatismo todo e feminismo novo desta época, em que ser mãe é uma bênção de afazeres e reencontro à sua feminilidade e condução ser mulher (poupe-me só um pouco)... Estas maneiras de falar parece infantil... Em que uma mulher só sabe o que são preocupações e glória quando é mãe. Porque se passam tanto tempo em casa, como há tanta criança em locais públicos... O que já não se encontra é crianças educadas, isso é verdade. Mas isso não posso falar porque ainda não educadora... Desculpem os modos, mas é que às vezes oiço mães e falam para mim como eu não soubesse nada da vida, só porque ainda não sou mãe... Só antigamente tinha-se 9 filhos e não se ouvia nenhuma deste queixumes...

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