terça-feira, 28 de abril de 2015

Uma nuvem demasiado negra

Imagem via Pinterst
"Mais vale prevenir a depressão pós parto do que remediá-la". Foi este o título que me fez abrir de imediato o artigo. Um artigo que podia ser bastante mais completo, mais informativo, menos clínico e mais humano. Mas o propósito estava cumprido - falava de depressão pós-parto.

Quando soube que estava grávida, deu-se aquela espécie de pânico, aquela sensação de urgência, que nos faz saltar para o computador e começar a abrir dez separadores de uma só vez, tal é a quantidade de dúvidas, de informações, de dicas, de passos a dar, de mais isto e mais aquilo.

Sempre gostei de me informar, de pesquisar, de saber, de perceber ao ponto de poder explicar aos outros. Com o tempo, passei a conhecer, também na teoria, tudo o que acontecia no meu corpo. Sabia tudo. Sabia sempre em que estágio nos encontrávamos, o que era expectável ou não. Acreditava, e continuo a acreditar, que a informação nos permite estar mais presentes. Saber o que se passava com o meu corpo, biologicamente, fez-me também perceber o que ele precisava. Perceber o que acontecia verdadeiramente no parto, fez-me confiar mais em mim, no meu corpo e na Margarida.

Assim que a gravidez é confirmada, começa aquele acompanhamento constante. São as consultas, os exames, as análises, as ecografias, os CTG's. Na maioria das vezes, os números ficam para os médicos, enquanto as informações práticas e as dicas nos chegam através dos enfermeiros. Lembro-me de, uma vez, numa consulta de gravidez, o enfermeiro ter perguntado ao pai da Margarida se ele notava que "ela" andava mais irritada, mais sensível, acrescentando de imediato que era perfeitamente normal. Toda a gente conhece a famosa 'hiper-sensibilidade' das grávidas, certo?

Passam-se meses de uma intensa preparação para o parto. O parto. Sempre o parto, esse objectivo final. Chega o curso pré-natal e aprendemos a ler os sinais do corpo, a respirar, a relaxar, enquanto eles aprendem a massajar-nos, para aliviar o nosso desconforto. Sempre com o parto em vista. Dão-nos lições de anatomia e biologia. Fazemos exercícios para fortalecer o corpo e prepará-lo para o parto. Alertam-nos para o que não podemos esquecer de colocar na mala da maternidade. Relembram-nos de quantos em quantos minutos as contrações devem ser para nos dirigirmos à maternidade. Repetem a dica dos banhos quentes, mais os exercícios de Kegel para a frente e para trás. Tudo muito útil, sim senhora.

Aulas teóricas. Como cuidar do recém-nascido. Amamentação. E pronto. Está feito. As mães e os pais têm, agora, toda a informação necessária.

Cheguei ao final da gestação com a sensação de que estava preparada, dentro do que é possível prepararmo-nos para o desconhecido. A verdade é que a informação toda que fui acumulando ao longo dos meses me deu a confiança necessária para ir para a maternidade a acreditar que tudo correria bem. Sabia ao que ia.

Ou assim pensava. Acreditava que me tinha informado bem, afinal, consumi tudo sobre o tema. Li todos os artigos e mais alguns. Fui às aulas práticas e teóricas. Falei com inúmeras pessoas. Frequentei fóruns. Li livros. E, em momento algum, li ou ouvi qualquer referência à depressão pós-parto.

Nas primeiras semanas da Margarida, vivi numa profunda infelicidade. Uma infelicidade muito estranha, com pinceladas de cor por tê-la, por ela ser saudável, por ser tão perfeita. Mas sempre aquela nuvem negra, demasiado negra, a pairar. Numa consulta, a minha médica perguntou se me sentia triste. Disse que sim. Explicou-me que era normal. Obviamente, já eu tinha, entretanto, pesquisado sobre o assunto - sempre arrumado como um simples 'babyblues'. Até que a médica me alerta para o facto de o meu 'simples e normal babyblues' já se arrastar há três semanas - era importante estar atenta, porque podia tratar-se de uma depressão pós-parto. Fiquei assustada. Porque é que ninguém me tinha falado sobre isso antes?

Como assim?! Eu, que sempre desejei ser mãe, que adoro a minha filha recém-nascida, com uma depressão pós-parto?! A verdade é que sim, é possível. Se aliarmos o turbilhão das alterações hormonais do pós-parto, ao cansaço, e, muitas vezes, a um estado físico ainda muito debilitado, (ou até a um parto difícil), temos os ingredientes perfeitos para uma depressão pós-parto - aquela que as mães têm de esconder, porque, afinal, "como é que podes estar infeliz com uma coisinha dessas nos braços?!".

Felizmente, no meu caso, a sensação de infelicidade e os ataques de choro compulsivo foram passando ao fim de algumas semanas. Tive a felicidade de ter conhecido outra mãe que me fez sentir normal, que me fez repetir todos os dias o mantra 'vai passar'. Tenho a felicidade de ter um companheiro que me ouviu e percebeu, confirmando, rapidamente, que algo não estava bem. Soube respeitar, ainda que um bocado perdido - afinal nunca ninguém tinha tocado no assunto! Nunca nenhum enfermeiro lhe disse "a sua mulher agora está bastante sensível à custa das alterações hormonais da gravidez. Vai ter de ter paciência. O mesmo acontecerá no pós-parto, mas em dose dupla ou tripla, porque as hormonas terão de fazer o processo inverso, mas num espaço de tempo alucinante".

A história do 'babyblues' é, muitas vezes, redutora. E perigosa. É importante chamar as coisas pelos nomes e deixar claro que, sim, é normal ter um ou outro momento de tristeza, de choro, de nostalgia - isso é babyblues. E que não, não é normal passar dias e dias com uma sensação de infelicidade que parece corroer as entranhas. É importante alertar e informar, sobretudo, os companheiros. São eles as nossas principais bóias de salvamento.

Senhores que ministram cursos pré-parto, que escrevem livros, que gerem sites sobre o tema, será que não há aí um espacinho para se falar, um bocadinho que seja, da mãe e do que ela precisa DEPOIS do parto?

"Mais vale prevenir a depressão pós parto do que remediá-la".

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Afinal, o que é isso do instinto materno?

Imagem via Pinterest
Após o nascimento da Margarida, não tardou muito até surgir o meu primeiro contacto com esse tal 'instinto materno'. Até então, associava o conceito a uma espécie de instinto de protecção da cria, muitas vezes a tocar ali no animalesco, se necessário. E, de facto, as mães fazem-no, todos os dias. Mas os pais também.

Quando passei para o outro lado da barricada e, também eu, me tornei mãe, percebi que, sim, as mães sabem de coisas que mais ninguém sabe. As mães antevêem, pressentem, sentem! As mães sabem antes dos restantes. 

No início, quando ainda desconhecia o poder desse instinto, não o soube reconhecer. Toda a gente me dizia que as bolinhas brancas que a Margarida (com pouco mais de um mês, na altura) tinha na boca, eram restos de leite. Algo me dizia que não, mas eu nem sabia que voz era essa que insistia 'olha que não, tu sabes que não é leite'. Com a ajuda do Google, percebi em alguns minutos do que se tratava e, no mesmo dia, nas urgências, a candidíase oral foi confirmada.

Seguiu-se uma e outra situação. Situações em que eu dizia 'hmm... não, não é só isso' e em que acabámos por ir às urgências confirmar que, em 99% das vezes, não é mesmo 'só isso'.

As mães sabem muito. Não sei se o facto de termos tido aquele ser a desenvolver-se dentro de nós, em nós, será o responsável por esta ligação tão sensitiva, tão instintiva. Mas acredito que o amor das outras mães, as que não o são de forma biológica, dê também direito ao pack completo, com todo o instinto maternal, como mães que são. 

Ao longo deste ano, foram várias as situações em que confirmei o que o meu instinto me dizia. E ele está sempre ali, alerta, prestes a disparar! Com o tempo, acredito que nós, mães, consigamos dar cada vez mais ouvidos a essa vozinha que, se repararem, está sempre presente. Às vezes podemos nem saber que raio se passa, mas sentimos que não é uma mera indisposição, ou que aquela febre traz água no bico, ou que não, aquilo não é culpa dos dentes que estão a nascer.

Fui pesquisar um bocadinho mais sobre o que é isso do instinto materno. Ao contrário dos répteis, esses pais desnaturados, que se limitam a depositar os ovos num local com condições favoráveis (lembrei-me de uns quantos assim!), a evolução fez com que os mamíferos gerassem as crias nas suas próprias entranhas. Como resultado, para que possam nascer (e ambos sobrevivam), os recém-nascidos são ainda muito vulneráveis. Mais uma vez, a evolução afinou o processo e dotou os mamíferos de antenas especiais, que asseguram um cuidado extra, este instinto que os une às crias. Ainda que exposta da forma mais simplista possível, esta é, basicamente, a explicação que encontram. 

Obviamente, quanto mais informadas, atentas e interessadas forem as mães, mais facilmente se conseguirá entender o que a tal voz poderá querer dizer - nem que para isso tenhamos de recorrer ao Google! Mas é precisamente esse tal instinto que nos faz abrir o Google. É esse momento em que nos ocorre 'hmm... algo aqui não bate certo'.

Ainda que defenda a igualdade (na medida do possível) entre pai e mãe, os pais são demasiado pragmáticos. Mas eles também sabem muito - porque a mãe faz o favor de transmitir toda a informação que recolheu dos 14 artigos que leu e dos 7 posts que encontrou num fórum qualquer. 

São assim as mães dos tempos modernos, que continuam a querer assegurar a sobrevivência dos seus recém nascidos - pelo menos até eles terem uns 60 anos.

Oh Happy Daisy | Facebook

terça-feira, 7 de abril de 2015

Um ano de Margarida

Sempre soube que ia ter uma filha chamada Margarida. Não sei muito bem explicar essa certeza, sabia, sentia. E não, não tinha nada a ver com aquelas coisas de miúdas, que sonham com os filhos, dão-lhes nomes, imaginam cenários. Não. A Margarida era concreta. Sabia que ela chegaria. Não era "uma Margarida", era "a Margarida". Eu só não a conhecia, ainda.

Senti-la crescer em mim foi estranho. Ali estava ela, dentro de mim, mas de forma tão abstrata. Tantos órgãos, tanta pele a unir-nos, mas também a separar-nos. À medida que os meses foram passando e o parto se aproximava, mais do que vê-la, ansiava ouvi-la. Queria (re)conhecê-la, descobrir tudo sobre ela.

Foram anos a sentir que a Margarida, um dia, chegaria. A minha Margarida. Mas quem chegou, há precisamente um ano, foi antes a "nossa Margarida". A Margarida que é tão minha quanto do pai, que é o nosso reflexo, que nos transforma todos os dias em algo, seguramente, melhor.

Hoje, mais do que celebrar o primeiro ano de vida da nossa filha, celebramos o nosso primeiro ano enquanto pais. Um ano que acredito ser o mais desafiante. De repente, a vida muda radicalmente e não há livros que nos preparem, verdadeiramente, para o turbilhão que se seguirá. 

Hoje vou relembrar cada pedacinho desse dia, as horas que antecederam o nascimento, o primeiro som, as lágrimas do pai, o meu alívio, o nosso abraço, inevitavelmente o sofrimento físico, mas, acima de tudo, vou deixar-me levar por este encantamento, este amor que me faz relembrar tudo com um sabor ainda mais especial. 

Hoje vou, também, sentir orgulho em mim. Vou sentir-me uma privilegiada por ter sido parte tão activa no nascimento da pessoa mais importante do (meu) mundo. Se o nascimento de um filho é sempre emocionante, fazer parte desse processo é simplesmente mágico. Um ano depois, olho para trás e sinto que aquilo que ali se passou, naquela sala de partos, foi pura natureza, mesmo com todos aqueles profissionais à nossa volta - foi entre mim e ela. Um corpo que se contrai para ajudar, e outro, pequenino, que sabe exactamente o que fazer para aproveitar o balanço.

Sobrevivemos ao primeiro ano, vivendo tudo intensamente. E o saldo não poderia ser mais positivo. 

Sempre soube que teria uma filha chamada Margarida. A nossa Margarida. Assim mesmo, tal como é.

Parabéns, meu amor*

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 19 de março de 2015

O dia dele


Não vou dizer que a Margarida tem o melhor pai do mundo. Não sei como são os restantes. Mas a verdade é que não preciso de saber para confirmar, todos os dias, que a Margarida tem o melhor pai que poderia ter. Mais que isso, a Margarida tem o pai que eu desejaria que qualquer filho tivesse. E isto pouco tem a ver com as vezes em que ele a embalou pacientemente, com as fraldas que mudou ou com os biberões que lhe deu. Está na vontade de ser cada vez melhor, na forma como olha para ela, como sorri e ri com ela, na imensa preocupação, na facilidade com que reorganiza toda e qualquer situação para assegurar o melhor para ela, antes de tudo o resto, sempre ela. Sempre nós. Um nós, a três, que se fortalece também nos momentos difíceis que esta coisa de sermos pais acarreta.

Este Dia do Pai tem um sabor muito especial. Sabe, novamente, a Pai. E eu não poderia sentir-me mais feliz pela Margarida, que sei que terá sempre garantido este tão doce sabor a Pai. 

Oh Happy Daisy | Facebook

quarta-feira, 11 de março de 2015

"Cuidado com o peitinho!"

Este bebé não é a Margarida, mas o pai dela agradecia se
alguém lhe pudesse dizer onde vendem fatos destes.
Toda a gente sabe que as mães são umas exageradas. Exageradas, sobretudo, no que toca à roupa das criancinhas, tal é o medo que não estejam suficientemente agasalhadas e apanhem umas cinco 'tites, só de levarem com uma brisa no rosto. 
Toda a gente sabe que os pais são mais relaxados, também nisso. Os pais sabem que a criança não se parte, sabem ser pragmáticos e analisar objectivamente as questões  - até no que toca à necessidade, ou não, de mais roupa. E são eles que, muitas vezes, chamam as mães à razão.

Ora, seguindo a mesma lógica, nesta casa a mãe é ele e o pai sou eu. 

Tudo começou com um "cuidado com o peitinho!", ainda a Margarida era um bebé-vegetal. Estávamos no pós-banho, em plena primavera, e a frase escapou-lhe por entre os lábios, antes que ele pudesse filtrá-la, ou ajustá-la a uma forma mais viril, menos 'mãezinha'. A coisa teve piada e ainda hoje temos 'cuidado com o peitinho', para bem de todos. Cada vez que penso na quantidade de pneumonias que evitámos, percebo que todo o cuidado com o peitinho valeu a pena!

Veio o verão. Mas os pézinhos, muitas vezes, ficavam frios - "é melhor calçar umas meias". Ou não andar apenas de body. Parecendo que não, mais umas quantas pneumonias conseguimos fintar! 

Graças ao uso de meias, que ajudou a sobreviver ao verão, chegámos ao outono. Com ele trouxe as primeiras maleitas da Margarida. Um otite logo para estrear! A partir daí, nunca mais o cabelo da Margarida foi visto na rua. Ele era gorro branco, turquesa, rosa, azul, vermelho, com orelhas, sem orelhas. Gorros, sempre! Depois entraram os cachecóis. Coisa natural e até obrigatória, dado o frio que se fazia sentir.

Um inverno lixado, cheio de maleitas atrás de maleitas, muito agasalho, muita preocupação de ambas as partes. Nessa altura fomos ambos mães!

Até ao dia em que o grande dilema se abateu sobre nós. Era o dia do batizado da Margarida, que tinha um lacinho bem bonito para usar no cabelo. 
"Ela vai assim?! Sem gorro??" Vai, pois! É o dia do batizado, ninguém fica doente no dia do batizado! - claro que não usei esse argumento. Expliquei que não fazia grande sentido, que ela estava devidamente agasalhada, que não havia perigo, já que a exposição era mínima e o dia estava simpático. Lá aceitou e eu suspirei de alívio. Pouco depois, entre aquela agitação que é sair de casa com um bebé e as respectivas cento e vinte e três tralhas, vi o pai da Margarida dirigir-se com a miúda até ao wc. Qual não é o meu espanto quando o vejo enfiar-lhe algodões nos ouvidos, com um sorriso vitorioso de quem acaba de salvar a vida da filha.

Por estes dias, veio o sol, as temperaturas ligeiramente mais altas e uma Margarida de cabelo ao vento, para grande desconforto do pai, que lá foi aceitando a inevitabilidade. Comecei a sonhar com a hipótese de uma primavera e um verão de roupas mais fresquinhas e sem ouvidos entupidos de algodão. 

Hoje, após deixar a Margarida na creche, enquanto conversávamos sobre qualquer outra coisa, sai-lhe um "é, mas de manhã ela vai ter de ir na mesma de gorro... ainda está muito frio!".

(...)

Oh Happy Daisy | Facebook

sábado, 7 de março de 2015

Onze!

Imagem via Pinterest
Nos últimos dias apoderou-se de mim uma espécie de nostalgia antecipada, um estado de incredulidade, como se fosse irreal esta coisa de ter uma filha com quase um ano. 

A chegada aos 11 meses deve ser aquela a que os pais menos atenção dão, aquela que menos celebram, porque, afinal, a mente já só vê ali o primeiro aniversário ao virar da esquina. Mas vamos lá com calma! 

Eu sinto, e muito, este marco dos 11 meses. Estou a saboreá-lo. A evitar saltar mentalmente já para os 12. Esta é a última vez que a Margarida completa apenas meses. E claro que isso é um facto que pouco importa. Mas para mim, que sou mãe dela e a respiro todos os dias, é impossível não sentir esse peso. Um peso que nada tem de pesado, quando olho e vejo que aquele pequeno bebé foi dando lugar a uma menina que nos enche de alegria e orgulho. 

Ver um filho crescer faz-nos lidar com uma dualidade que parece parva. Ficamos eufóricos com cada pequena conquista, cada novidade, cada palavra nova ou gracinha. Trabalhamos todos os dias para esse crescimento, estimulamos e aplaudimos. Sentimos orgulho. Felicidade pura. Para depois, num ou outro momento, sentirmos que perdemos alguma coisa, as saudades daquele sonzinho ao mamar, daquela expressão aos quatro meses que tanto nos fazia rir, ou de tantas, tantas outras coisas. 
Todos os dias a Margarida perde pedaços do bebé que foi, mas as novas conquistas chegam em dose dupla, tripla, eu sei lá! Tem sido uma avalanche de novidades, especialmente no que toca à comunicação. E o que a Margarida nos dá agora e aquilo que nos faz sentir é infinitamente maior do que quando fazia aquele sonzinho ou aquela expressão. É tudo mais.

Chegou a fase que eu tanto desejava, a Margarida comunica cada vez mais. Diz cada vez mais palavras e o vocabulário que já reconhece está constantemente a surpreender-me. Acho que andei a subestimá-la durante algum tempo, até ao dia em que percebi que ela reconhecia os nomes de diversas coisas, que eu sempre fiz questão de dizer, para ela ir interiorizando. Mas não é que a miúda assimila mesmo muito facilmente? 

À parte de todas as coisas imensamente deliciosas que ela faz/diz, que nos deixam com vontade de abraçá-la e nunca mais largar, a Margarida começa a mostrar realmente a sua personalidade, confirmando muitas das coisas de que já desconfiávamos. A Margarida é, acima de tudo, divertida! Adora rir, ri com gosto e gosta de nos ver rir também. Vibra com comida e fica passada se ela demora muito a chegar, ou se acaba rápido. É muitíssimo curiosa, o que anda ali de mãos dadas com a constante observação que ela faz de tudo. E claro, continua a mesma eléctrica de sempre, mas agora com outros meios, outra força, outro equilíbrio, que a tornam num perigo ambulante - mas daqueles amorosos. 

E assim, de coração cheio, chegámos aos 11 meses.

P.s.: Depois de ter escrito este post, a Margarida deu os seus primeiros dois passinhos! Yay!

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 5 de março de 2015

"NÃO!"

Imagem via Pinterest
Ontem, em conversa com uma amiga, também ela mãe, falávamos do quão chatas nos sentíamos por estar constantemente a dizer 'não!".

A Margarida sempre gostou de mexer em tudo, sempre quis desesperadamente isto e aquilo, para, ao fim de 10 segundos, desejar com todas as suas forças outra coisa qualquer. Não sei o que é ter um bebé calmo, que se entretém durante minutos a brincar sozinho. A Margarida já é bem capaz de se entreter sozinha, mas quer tudo o que não pode, ou não deve. E quer já. Explora rápido e parte para outra. Naturalmente, isto implica uma atenção constante e, pior, uma repetição de 'nãos!' que até a mim cansa e que me deixa com a sensação de que eu é que deveria levar com um tremendo 'NÃO!', porque, afinal, a criança está a crescer e tem de explorar.

É óbvio que não podemos deixar que os bebés/crianças façam determinadas coisas, acima de tudo, para sua própria segurança. Existem 'nãos' necessários e quase obrigatórios. Mas, ultimamente, dou por mim a questionar-me se não cairemos, por vezes, no exagero. Um exagero cómodo. 

Refiro-me ao 'não!' que me escapa de cada vez que estou a tentar escrever uma mensagem no telemóvel e a Margarida se lembra de sair de perto de mim, sabendo eu que ela vai para onde não deve - por ser potencialmente perigoso. Esta e outras situações que tais, em que o meu comodismo (que também pode ser carinhosamente lido como cansaço-por-já-ter-ido-agarrar-a-miúda-setenta-e-duas-vezes-antes-que-se-magoasse) me fez soltar um sonoro 'não!'. 

Chego à conclusão que nós, pais, acabamos por desenvolver dois tipos de 'nãos':
  • O 'não!' porque te podes magoar, porque vais cair, porque está sujo, porque simplesmente não podes mexer nisso, porque não é teu, porque vais arrancar as teclas e eu quero lá saber que faças birra. O 'não' preocupado e que educa. 
  • O 'não!' porque quero acabar de escrever esta mensagem mesmo importante (ou nem por isso) e tu não páras um segundo!, porque vais sujar a roupa toda e ainda hoje pus tudo para lavar, porque vais desarrumar a sala e eu estou demasiado cansada para arrumar, porque estou exausta e tu não queres dormir. O 'não' cansado, comodista, que escapa da boca dos pais sem grande justificação.
Nesta fase em que a Margarida me rouba cada vez mais 'nãos' (de ambos os tipos), tento estar atenta à frequência com que os digo e, sobretudo, à razão que tenho, ou não, para os dizer. 

Até para não voltar a cair no ridículo de repreender o gato com um automático 'NÃO! Não pode!!'.

Oh Happy Daisy | Facebook

segunda-feira, 2 de março de 2015

Creche - Um bem necessário

Faz hoje precisamente cinco meses que o mundo da Margarida se abriu e estendeu largamente. Há cinco meses atrás, estava eu de coração apertado e a ter de fazer um esforço imenso para não me desfazer em lágrimas. Sem a Margarida por perto, tudo parecia errado. As dúvidas eram muitas. Acima de tudo, era uma angústia que me tomava por completo. 

Os dias, semanas, meses foram passando, e a confiança foi conquistada. A nossa, enquanto pais, e a dela. Naquele lugar vejo real paixão pelo que se faz, um carinho imenso pelos bebés, um cuidado que nos cativou desde logo. Profissionais que se complementam entre si, ora com umas pitadas de humor, ora com umas pepitas extra doces de miminhos. 

Pareceu-nos, desde o início, que a Margarida estava bem entregue. Mais que o tempo, que tem vindo a confirmar o que suspeitávamos, a Margarida é a nossa maior prova do que de bom se faz naquela sala dos bebés. A Margarida entra na creche a sorrir e sai de lá eléctrica, numa alegria esfuziante, a rir-se de tudo e de nada. E recebe sempre um beijinho (ou dois, ou três) de despedida, onde vejo amor. Sim, amor. Não vejo apenas carinho e cuidado. Ali há amor. Não só pela Margarida - há amor pelos bebés. De tal forma que agora a angústia passou a ser o facto de, dentro de meses, ela ter de abandonar a sala dos bebés e seguir rumo à fase seguinte. 

No início, encarava a creche como a maioria das pessoas - um mal necessário. Actualmente, vendo o bem que aquele lugar e o contacto com as profissionais e os outros bebés traz à vida da Margarida, é impossível não sentir que tomámos a melhor decisão. 

Cinco meses depois, a Margarida é ainda mais feliz, em casa ou na creche. 

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Batizado

Ainda a Margarida não tinha nascido e nós já tínhamos decidido que ela seria batizada. E se este é um passo normal e perfeitamente expectável para a maioria das pessoas, para nós não o era.
Na decisão pesou o facto de virmos ambos de famílias em que o batismo e outras celebrações religiosas sempre estiveram presentes, ainda que nós, pais, não nos enquadremos numa dita 'religião' - o que não significa que não acreditemos em nada, bem pelo contrário.
Mas, em suma, decidimos que, sim, que a Margarida seria batizada, teria o seu dia, um dia em que todos celebraríamos a sua vida. E claro, que teria oficialmente um padrinho e uma madrinha, o que para nós era muito importante.

Para ser sincera, à medida que fomos avançando com os preparativos, passei a encarar a celebração de uma forma diferente, com um simbolismo muito especial. 

Depois de tantos preparativos (e alguns stresses), o dia finalmente chegou e, caramba, não poderia ter sido mais bonito, mais especial. Uma cerimónia íntima e cheia de simbolismo, uma tarde passada com as pessoas que nos são mais queridas, e uma bebé que esteve incrivelmente bem disposta TODO o dia. 

De todas as coisas que me enchem o coração ao relembrar o domingo passado, o humor da Margarida, que andou o dia todo de colo em colo, a dançar e a fazer cu-cu, deixa-me de sorriso nos lábios. Nada do que preparámos para o dia teria o mesmo sabor se a Margarida estivesse desconfortável. Essa é, sem dúvida, a memória mais bonita que guardo desse dia. 

Acabámos o domingo com uma bebé ainda a bater palminhas, na hora de dormir, tal era a excitação - ela sabia que o dia era seu e quis espremê-lo até à última! Acabámos, nós também, com a sensação de que valeu muito a pena, que soube mesmo muito bem reunir toda a gente para, juntos, celebrarmos a vida da nossa Margarida.

Obrigada a todos os que se juntaram a nós e tornaram o dia 22 de Fevereiro ainda mais especial!

Oh Happy Daisy | Facebook

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dez!

Dez meses. Dez meses e três dias, para ser mais precisa.

Na véspera de os completar, ouvi, pela primeira vez, a Margarida chamar "mamã", enquanto choramingava, de braços esticados para mim.

Assim, sem que nos apercebessemos muito bem de como a coisa se deu, a Margarida deu um novo salto, desta vez, na linguagem. Literalmente de um dia para o outro, passou a pedir "papa" e a demonstrar que já entrou no esquema causa-efeito, que reconhece cada gesto que me vê repetir há meses -  e a sensação de que ela me viu/ouviu, realmente, durante estes meses todos, que absorveu e assimilou, é para lá de espectacular.  Agora, quando lhe digo que vou preparar a papa dela, já não sinto que estou a falar por falar. A Margarida percebe, arregala os olhos, repete alegremente "papa!" e faz o som de quem está a comer e a saborear. 

Nesta coisa da maternidade, evito ânsias, projecções e desejos de relógios apressados. Percebi que o tempo voa mesmo e que, dentro de nada, terei saudades desta fase. Tal como já sinto saudades das que passaram. Sei que a única coisa que anseio de verdade é ouvir a Margarida. Quero ouvir o que ela tem para dizer, o que pensa, como o estrutura, o que quer. Pensar que, um dia, a Margarida nos dará esse acesso ao que se passa naquela cabecinha parece-me de tal forma fascinante, que é impossível não vibrar com tudo o que começa agora a acontecer.

Ver a Margarida dizer "deita!" à pobre Lara (a cadela), com o dedo indicador esticado, é coisa para me fazer andar ali entre o rebolar no chão de tanto rir e o querer enchê-la de beijos até ela não aguentar mais e chorar.

Gradualmente, a Margarida está a deixar de comunicar à sua forma e a ajustar-se à nossa comunicação. A mostrar que percebe, que esteve sempre atenta (aqueles olhos nunca enganaram!), que sabe o que quer e que vai fazer questão de nos deixar sempre sem quaisquer dúvidas. 

Desde que nasceu, sinto como se a Margarida crescesse dentro do meu peito, tanto quanto cresce fora dele, no seu próprio corpo. E ela cresce, em mim, de forma galopante. Cresce, espalha-se, contamina tudo de amor. 

Com um coração tão redondo, era impossível não rebolar no chão de tanto rir!

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Obrigada, senhores-das-escovas-de-dentes!

Não sei muito bem por que motivo, mas dei por mim a ler as instruções da escova de dentes que comprei para a Margarida, numa espécie de 'que é que isto poderá dizer? Para esfregar para a frente e para trás?!' A verdade é que li e, caramba, ainda bem que o fiz!


Isto da maternidade é assustador! Imaginem que o pai da Margarida, num belo dia, pegava na escova e começava a escovar os dentes à miúda?! Uma pessoa tem de andar sempre sobressaltada com estas coisas! Sempre a tentar antecipar todo e qualquer perigo! Eu, que achava que escovar os (dois) dentes da Margarida seria inofensivo, descubro, por sorte, que isso é tarefa 'das mães'. E é de tal forma uma tarefa nossa, que os senhores-das-escovas-de-dentes até pensam em tudo e fazem cabos mais compridos, para nos auxiliarem. Até me escapou uma lágrima! 

Já os pais, esses seres sem qualquer tipo de conhecimento ou técnica que os torne habilitados para escovar dentes de terceiros, convém mantê-los afastados das escovas de dentes, com cabos concebidos, exclusivamente, para facilitar a vida das mães!

Pais, voltem lá para os vossos jogos de futebol e deixem a coisa com quem sabe, ok?

[Curiosamente, na parte em francês, pode ler-se "Le manche plus long permet une meilleure prise en main de la brosse par un adulte." Conclusão: em português, "adulto" não inclui o conceito de "pai".]

Oh Happy Daisy | Facebook

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O problema não são vocês...

Imagem via Pinterest
É ela. A Margarida? Não. A angústia da separação! 

Até há uns dois ou três meses, a Margarida foi uma bebé super sociável, sorridente e de bem com o mundo e todos os seus integrantes. E agora? Agora é isso e muito mais, mas apenas com uma pequena parte do mundo - o dela. 

Mesmo antes de ser mãe, sabia da existência de uma fase assim, pela qual todos os bebés passam, de forma mais ou menos acentuada, mas passam! E passa. Portanto, quando a Margarida começou a 'estranhar' as pessoas menos próximas, isso não me trouxe qualquer tipo de angústia ou preocupação, antes pelo contrário! A chegada dessa fase significa que as emoções, os vínculos e a forma como a Margarida vê o mundo estão a mudar, de acordo com o que é saudável e importante para o seu desenvolvimento. 

O problema é que 'o resto do mundo' passa a ser um conceito altamente abrangente, que não inclui apenas pessoas desconhecidas. Inclui também pessoas próximas, que ficam tristes. Família. No fundo, este conceito passa a referir-se a todas as pessoas que não fazem parte do dia-a-dia da Margarida. De todos os dias. 

E agora, ter de explicar o beicinho e choro da Margarida, sempre que alguém tenta pegá-la ao colo (e especialmente se a levarem para onde o campo de visão não alcance o pai ou a mãe) passou a ser uma constante. Dou por mim a tentar justificar, a insistir que é normal, para não se preocuparem, que ela gosta na mesma das pessoas, que não, não deixou de ser bem disposta e sociável, que sim, passa! E, sobretudo, que ao forçarem a situação, estarão a contribuir para uma bebé ainda mais aflita e angustiada. 

O problema não são vocês. Mas o problema também não é a Margarida! Chama-se crescimento e eu garanto-vos que vai passar.

Oh Happy Daisy | Facebook

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

As mães que eu não suporto II

Imagem via Pinterest

aqui tive oportunidade de manifestar o meu asco desagrado face a muitas 'mãezinhas'.
Infelizmente, cada vez mais me convenço que a maioria das mães com que me cruzo não são apenas pequeninas enquanto mães. São seres humanos minúsculos, mesquinhos e pobrezinhos. 

E a pobreza de espírito é tal, que essas criaturas não param de me surpreender, mesmo nas urgências pediátricas de um hospital. Mesmo, elas próprias, com filhos prostrados nos braços. 

Num dos episódios mais recentes, estava eu (também doente), com a Margarida nos braços, à espera (e à espera, e à espera...) de ser chamada. Mas a Margarida estava doente (por isso é que lá estávamos!), logo, para ela nada estava bem. Foi choro, contorcionismo, um sono que só a frustrava mais, muita tosse, muito calor. Muito, muito desconforto. 

Eu (já disse que também estava doente?) sentava-me, numa tentativa de aliviar um pouco as costas daqueles 10kgs de pessoa. Mas ela ficava possuída. Levantava-me com ela ao colo. Tinha de me sentar outra vez. Numa dessas vezes, já a sentir-me mal com o calor, tentei tirar o casaco. O meu. 

Objectivo: Tirar o casaco
Obstáculos: Um bebé de 9 meses ao colo, doente, possuído e contorcionista
Desafio: Conseguir, com um único braço e uma única mão, despir a manga do casaco (que estava demasiado justo, tal era a quantidade de roupa que trazia por baixo - isto de sair a correr para as urgências não combina propriamente com grandes produções!)
Desafio 2: Não deixar cair o bebé contorcionista, no meio da operação. Com um só braço, porque o outro já estava preso - sim, fiquei com o outro braço entalado na manga do casaco. Não entrava nem saia. 
Pessoas à volta: Umas 50, no mínimo.
Ajudas: 0! Z-E-R-O.
Desafio 3: Não insultar cada uma das 'mãezinhas' que ficou com cara de parva a assistir à cena, com um ar ora sádico, ora intrigado, de 'deixa cá ver como ela se vai safar desta'.

É isso mesmo que leram. Numa urgência pediátrica cheia de mães - esses seres tão afáveis e altruístas, que nasceram para cuidar dos outros -, com pessoas sentadas à minha frente, ao meu lado, atrás de mim, não houve uma única pessoa que oferecesse ajuda. Que esticasse a mão e puxasse a porra da manga do casaco.

Não, não equacionei pedir ajuda. Respirei fundo, pousei a Margarida no chão (a rezar para ela colaborar), de pé, com as mãos apoiadas nas minhas pernas e segurei-a entre os meus joelhos. Libertei o braço, pousei o casaco, voltei a pegar na Margarida e, ao olhar para aquelas pessoas, vi, mais do que mães pequeninas, seres humanos medíocres. 

Seres humanos que, além de não saberem estender a mão (literalmente) a quem precisa, ainda olham para o borboto do pijama da criança do lado. Que, só por acaso, está numa urgência pediátrica. Tal como os filhos delas. Mas de sapatos, claro, que isso de ir de pantufas para as urgências seria uma pouca vergonha!

P.S.: Ao ler este post, o pai da Margarida perguntou "e o pai? estava no carro a comer bolachas?". Não, estava a comer um croissant. As regras permitem que apenas um adulto acompanhe o bebé/criança. Mas, pouco depois, o pai conseguiu dar a volta ao segurança e salvar a mãe! Yay!

Oh Happy Daisy | Facebook

sábado, 24 de janeiro de 2015

"Porquê?"

Imagem via Pinterest

Até aos sete meses, a Margarida nunca esteve doente. Ao completar dois meses, já dormia tranquilamente e sem interrupções 10, 11, 12 horas por noite (adormecê-la é que era mais complicado, mas isso é outra história), nunca a ouvimos tossir, nunca teve pingo no nariz ou febre. 

Aos sete meses chegou uma otite. Duas semanas depois, uma laringite. Ouvimos a Margarida tossir todos os dias e, sobretudo, todas as noites, há precisamente dois meses e meio. Já perdemos a conta à quantidade de medicamentos que tomou, às idas a urgências, às nebulizações, às noites demasiado longas. 

E quando parece que não pode piorar, não é que a coisa piora mesmo?!
Ao cenário anterior, adicionámos recentemente três novas aquisições: uma bronquiolite, uma gastroenterite e uma conjuntivite.

[É escusado dizer que um bebé nunca fica doente sozinho, não é? Estamos os três doentes, de forma quase ininterrupta, desde que foi oficialmente aberta a época das 'ites.]

Não foram poucas as noites em que olhámos um para o outro e questionámos "porquê mais isto?". É que, por muito que saibamos que febres e tosses são mecanismos importantes para o organismo dela, enquanto pais e não médicos da Margarida, vemos um bebé desesperado por dormir, sem estar sempre a acordar com ataques de tosse. Ou por comer, sem ter de vomitar tudo de seguida. 

Mas, quando tudo acalma e a tosse dá algumas tréguas, conseguimos ver que, sim, existe um propósito que vai muito para lá dos processos que aquele pequeno corpo tem de levar a cabo, para se tornar mais forte, menos vulnerável. 
Acredito que ter um filho doente eleva o exercício da paciência ao máximo. Esse e o do amor. Ter um filho requer uma total disponibilidade e doses gigantescas de paciência. Ter um filho doente requer isso ao quadrado . 

Esta experiência faz-nos sentir, muitas vezes, ali no limiar do desespero, do cansaço, da frustração. Mas é quando tudo acalma que se faz sentir o quanto crescemos, nos fortalecemos e tornamos menos vulneráveis, os três, por cuidarmos uns dos outros.

O corpo da Margarida está a ganhar defesas e imunidades. E nós também.

Oh Happy Daisy | Facebook

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Ser mãe e ser... tudo o resto

Imagem via Pinterest 
Quem me conhece ou já leu uma ou outra divagação minha a respeito do antes e depois dos filhos, fica com a ideia que, para mim, há coisas que não têm forçosamente de mudar. E estão certos. 

As coisas que temos de alterar e ajustar, para nos tornarmos (bons) pais de alguém, são óbvias. Nem vale a pena dissertar muito mais sobre isso. Mas, nove meses após me ter estreado nestas andanças, continuo a acreditar no que acreditava antes - ser mãe não tem de me anular em nenhum outro papel que eu desempenhe. Pelo contrário. Só me adiciona. 
Ser mãe da Margarida transforma-me, afina-me, ensina-me todos os dias. De tal forma que só posso acreditar que isso fará de mim uma melhor pessoa. Pelo menos, uma mais focada no que e em quem realmente importa. 

Tirando as rotinas que naturalmente tivemos de adoptar e que diariamente cumprimos, acreditei sempre que, com organização, tudo se conseguiria fazer. Acreditei que, apesar de ser mãe da Margarida e de ela ocupar grande parte do meu dia (e pensamento), conseguiria fazer outras coisas. Coisas que tenho de fazer, coisas que deixei em suspenso e coisas que desejo mesmo fazer. 

Até ao dia em que decidi começar a dedicar-me a um novo projecto e, pouco depois, a Margarida adoeceu. E com um bebé doente, onde entra a organização? Não entra. De todo. Com um bebé doente em casa, o resto deixa de existir. Seja pela falta de disposição ou pelo cansaço. O estado de espírito oscila entre a preocupação e a frustração por ter de deixar isto e aquilo em suspenso. Precisamente no momento em que a cabeça andava a fervilhar com ideias!

Assim passámos os últimos dois meses. Ou temos vindo a passar, para ser mais concreta. Esta cadeia de acontecimentos menos agradáveis tem sido uma lição. Se há coisas que não têm de mudar com a maternidade, há outras que mudam inevitavelmente. Posso não me anular, mas passo, rapidamente, para segundo ou terceiro plano. E os meus planos passam para último. 

Estou desejosa de poder voltar à rotina normal, com disponibilidade (a todos os níveis) para me entregar ao que deixei em suspenso. Ao que tanto me apaixona.

É que se eu sou melhor por ser mãe da Margarida, também acredito que sou melhor mãe da Margarida se puder ser tudo o resto.

Mas o que nunca poderá ficar em suspenso é o meu papel de mãe.

Oh Happy Daisy | Facebook

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

9 na barriga, 9 no coração

Steve Hanks
Para mim, este dia 7 tem um sabor especial, diferente daquele que terá para qualquer outra pessoa que faça parte da vida da Margarida. Não é apenas mais um mês de vida.

A Margarida completa hoje 9 meses. 9 meses de vida extra-uterina, uma vida que tem sido fonte de alegria para todos aqueles que a amam e se deliciam com cada nova descoberta, conquista ou gracinha. 

Nove meses. O equivalente ao tempo que a tive só para mim, em mim. É impossível passar por este marco sem pensar nos nove meses de gestação e perceber que, agora, a Margarida está há mais tempo no mundo. 
Mas se, para o mundo, a Margarida chegou há 9 meses, para mim, a Margarida está em mim há exactamente 18 meses, se somarmos o literal e o figurado. 

À medida que vejo a Margarida crescer (e com ela o meu amor), mais sinto o privilégio que foi aquele pequeno ser ter-se formado em mim, através de mim, dos meus órgãos. Foram 9 meses de um coração a bombear para ela. Somam-se agora mais 9 de um coração que bate por ela. Ao todo, 18 meses de amor. Os primeiros. 

Aos 9 meses, a Margarida continua a ser uma menina-furacão, eléctrica que só ela, sedenta por novidades, brincadeiras e movimento. De uma alegria inesgotável. 
E, à medida que ela cresce, as palavras encolhem de forma proporcional. Tornam-se pequeninas perante o espectáculo a que assistimos dia após dia. Descrever a Margarida é uma tarefa quase impossível. Seria como tentar descrever o amor.

Hoje celebro (os primeiros) 18 meses da Margarida em mim. 9 na barriga, 9 no coração.


Oh Happy Daisy | Facebook

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sê muito bem-vindo, 2015!


Não vou dizer que 2014 foi o melhor ano de sempre. 2014 foi o ano mais importante. Um ano de profundas mudanças, de crescimento, desafios, aprendizagens e incontáveis alegrias. Foi o ano da Margarida. Um ano de amor. 
Os três primeiros meses foram ainda vividos à espera dela - sendo que o último mês equivaleu quase a um ano, tal era a forma como o relógio parecia ter abrandado, numa espera ali a roçar o desesperante. Os restantes 9 meses foram vividos com e para ela. A três. E, de entre tantas coisas que aconteceram, sinto que apenas ela me aconteceu, verdadeiramente, em 2014. Vivi para ela, quase em regime de exclusividade. 
Em 2014 tornei-me mãe e sinto que o resto da minha vida se irá dividir numa espécie de A.2014 e D.2014. 
O ano de 2014 ficará para sempre cravado em nós, como parte integrante da nossa história. Um ano bom, tão bom! 
Chegamos a 2015 com a certeza de que faríamos tudo de novo, conhecendo o que é a mais pura felicidade. O amor maior foi-nos apresentado em 2014.

Entrar em 2015 assim, de coração cheio, é a maior garantia de que o futuro será, independentemente de tudo o resto, repleto de amor.

Obrigada, 2014!

Oh Happy Daisy | Facebook
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...