sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Mãe Vs. Pai

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Ainda na gravidez, era claro para ambos que, dentro do possível, não existiriam diferenças entre o pai e a mãe, que dividiríamos sempre os momentos bons, mas também os mais difíceis. Aqui não existia uma mãe a querer ser mais que o pai, nem um pai a querer escapar às fraldas, banhos e noites de cólicas. Tudo seria dividido de igual forma.

Quando a Margarida nasceu, começou a desigualdade. Após uma madrugada e manhã em trabalho de parto, a Margarida nasceu às 13h50. Seguiram-se aqueles primeiros momentos de enamoramento, a passagem para o quarto e as consequentes visitas (apenas da família mais próxima). Duas horas depois, era altura de todos irem embora. Exausta por tudo o que tinha vivido nas últimas horas, ainda com o corpo a tremer por tanto esforço e a gritar por descanso, ali me vi com aquele ser, acabado de nascer. Sozinha. Nessa noite, enquanto trocava mensagens com o pai da Margarida, a certa altura deixei de receber resposta. Percebi que ele tinha adormecido - afinal, esteve de mão dada comigo durante toda aquela aventura.

Dei por mim a pensar no sentido daquilo que estava a acontecer. Então, um casal decide dividir tudo o que diz respeito ao bebé e, depois de horas de contrações, a mãe, que sentiu que ia explodir de tanta força, que passou por um parto, que ainda não se podia pôr de pé, fica sozinha com o bebé, a ter de o amamentar (de hora a hora, de 30 em 30 minutos, a cada 10 minutos - o que o bebé quiser)?! Sim, é isso. Essa primeira noite a sós com a Margarida fez-me perceber que nada seria como eu imaginava. Mais que isso, as coisas, simplesmente, não podem ser como desejamos, mesmo quando o pai quer realmente fazer tanto quanto nós, mães.

Os tempos que se seguiram foram um lembrete constante de que mãe é mãe e pai é pai. Tendo o pai de trabalhar, é natural que seja a mãe a passar todas as horas do dia com o bebé - e a aproveitar para tomar um banho e repor a dignidade, quando o pai assume o controlo. Mas sem esquecer que todos os pequenos intervalos surgem com uma espécie de bomba relógio associada - existe um tic tac latejante até ao próximo berreiro do bebé, que precisa de ser alimentado - coisa que só a mãe (em princípio) poderá fazer. 
No início, essa pressão é quase esmagadora. A mãe sente que aquele ser precisa de si para sobreviver, porque essa é, de facto, a realidade. Essa responsabilidade tem tanto de belo quanto de assustador. O pai assiste, como quem diz, presta assistência, colmata os espaços, permite os intervalos da mãe. 

Tive momentos, os mais difíceis (que não significam os mais difíceis da Margarida), em que achei profundamente injusto. Momentos em que desejei que fosse diferente. Mas depois lá vinha um ou outro momento em que o pai era simplesmente o melhor pai do mundo, o melhor companheiro que eu poderia pedir. E eu entendia e aceitava, mais uma vez, que mãe é mãe e pai é pai. Nisto da parentalidade, um não substitui o outro, são papéis complementares, que se desempenham infinitamente melhor quando conjugados.

Com o passar do tempo, mais resignada com o facto de grande parte das tarefas me competirem a mim (muito por força das circunstâncias), comecei a encarar isto da desigualdade diferença de papéis como uma combinação de forças. O tempo e a experiência no terreno fizeram-me ter a capacidade de olhar para o que se passa na nossa dinâmica e entender que existem coisas em que eu sou muito melhor que o pai. Outras, igualmente importantes, em que o pai bate a mãe.

No início, parece que o bebé é mais da mãe do que do pai, por muito que ninguém faça por isso. É assim, é a natureza, é a ordem das coisas. Mas, aos bocadinhos, o pai vai descobrindo o seu papel, vai-se descobrindo enquanto pai, vai criando elos com o bebé, brincadeiras, cumplicidades. Até ao dia em que o vemos de lágrimas nos olhos a dizer "caramba, gosto tanto dela...! Faria tudo por ela!".

Por estes dias, o pai da Margarida tem desempenhado algumas das "minhas tarefas". Esta noite, ele foi o pai, mas foi também a mãe, perante uma bebé cheia de tosse e uma mãe totalmente K.O.. 
Acordei a pensar que existe, sim, um antídoto para a desigualdade (até para a que a sociedade tenta impor). É aquele que faz o coração bater mais forte, aquele que eu sinto sempre que vejo o pai da Margarida a ser o melhor pai e o melhor companheiro do mundo. 

No amor, mãe e pai são iguais. [Ou assim deveria ser.]


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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

15 de Dezembro

Hoje é, para nós, o dia mais bonito e importante de todos. Sem este 15 de Dezembro, não existiria uma série de outros dias. Os mais felizes das nossas vidas. Da nossa vida.

Neste 15 de Dezembro celebramos um outro 15 de Dezembro. Celebramos o dia em que o [nosso] mundo mudou. No último 15 de Dezembro éramos dois a celebrar este amor, a felicidade que esse dia nos trouxe. Este ano temos, em forma de pessoa pequenina, o amor. O nosso. O maior. 

Este ano, o nosso dia começou com uma madrugada de nebulizações e sonos curtos e agitados. O dia começou cansado. É o primeiro 15 de Dezembro em trio. Hoje acordámos mais cansados, mas infinitamente mais completos do que há um ano atrás. É este o caminho.

No início da gravidez, a ideia que mais feliz me deixava era o facto daquele ser resultar do maior amor que alguma vez senti ou conheci. Isso fez-me acreditar que ele ou ela seria, definitivamente, especial. Todos os filhos deveriam ser feitos de tanto amor!

Nós já éramos felizes, mesmo sem a Margarida. Mas, desde o dia 7 de Abril, a Margarida lembra-nos aquele 15 de Dezembro todos os dias. Afinal, o 15 de Dezembro é ela, em forma de pessoa pequenina. 

Parabéns a nós! 

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domingo, 7 de dezembro de 2014

Oito


Uma otite. Muita febre. Um dente. Uma alergia a picada de insecto. Uma queda feia e a consequente marca na testa. Outro dente. Uma laringite. Muita tosse. Muita medicação. Noites incontáveis de sobressalto - podia ter sido este o balanço do último mês, um mês que pareceu longo demais. 

Mas não. Essa nunca poderá ser a memória que iremos guardar deste último mês. 

Basta olhar para a Margarida e ver o caminho que percorremos, sobretudo ela, nestes 8 meses. Os dias com ela, mesmo aqueles em que o coração fica apertado, são sempre mais felizes. E o amor, esse, já nem cabe em palavras. 

A Margarida é uma fonte inesgotável de alegria, mesmo quando a tosse a deixa exausta. E ela dança, canta e bate palminhas, mesmo cinco minutos após cair e bater fortemente com a cabeça no chão. 

Este mês foi longo, tão longo. Mas hoje, ao chegarmos aos oito meses, todos devemos bater palminhas, como a Margarida. Porque, afinal, chegámos aqui mais fortes e completos que nunca. 

'Ehhhhhhhh!!!'

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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A culpa das mães

Katie M. Berggren

A Margarida caiu. Caiu pela primeira vez e a testa dela lembra-me disso a todo o instante. Bem sei que faz parte, que era apenas uma questão de tempo, que, tendo em conta a bebé eléctrica que é, até tardou. 

A testa da Margarida lembra-me que está oficialmente aberta a época das quedas, dos dói-dóis, do meu coração a parecer que pára de bater por alguns instantes. Uma época vitalícia, bem sei. E sei, também, que vai custar ainda mais quando os dói-dóis não forem apenas do tipo que fica estampado na testa.

Mas a Margarida caiu e, por estes dias, a testa dela faz-me sentir culpada, mesmo que saiba que fiz tudo, que faço sempre tudo, que tento antever qualquer perigo, que tento, sempre, amparar-lhe as quedas. Sei e, mesmo assim, o facto de se tratar de um ser totalmente dependente de mim, de nós, faz-me sentir que falhei. 

Começo a perceber que a culpa, mesmo que irracional e quase infundada, faz parte deste papel. Seja pelo que fazemos ou pelo que deixámos de fazer. Culpa porque se vai buscar a criança mais tarde à creche. Culpa porque estamos quase a perder a paciência, quando parece que eles lutam contra o sono. Culpa por trabalhar. Culpa por não trabalhar. Culpa por isto e por aquilo. Culpa quando não a temos. 

As mães, aquelas que fazem tudo de coração pelos filhos, não deviam sentir culpa. Mas sentimos tanto o peso de sermos responsáveis pela vida e bem-estar de alguém, que qualquer variável que fuja ao nosso controlo vai, inevitavelmente, fazer-nos questionar as decisões tomadas.

As mães não têm culpa. Nem os pais. Os filhos têm de cair. Têm de viver e aprender. A vida nunca foi almofadada para ninguém. 

[Vou ler isto até interiorizar.]

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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Todas as mães são ridículas

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Dizia o meu muito querido Álvaro de Campos que todas as cartas de amor são ridículas. Pois então o que dizer das mães, essas cartas de amor vivas e ambulantes, que se reescrevem todos os dias? As mães, aquelas que morrem de amor pelos seus filhos e ressuscitam a cada sorriso deles, são o cúmulo do ridículo. 

Os pais não são assim. E isto não quer dizer que eles amem mais ou menos que nós, mães. Eles vibram, ficam orgulhosos, fotografam, riem e contam a façanha, mas a emoção, aquela que transborda pelos olhos, está-nos eternamente reservada. 

Só uma mãe, ridícula, poderá emocionar-se ao entrar na creche e ver o rosto da filha numa estrelinha que decora o pinheiro de Natal. Ela, ali, no meio de tantas outras estrelinhas, que, seguramente, emocionam outras mães. Ridículas e felizes. Como esta.

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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Se não podes com eles...

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Quando decidimos o nome da nossa filha, tínhamos plena noção que se tratava de um nome dado a possíveis degenerações para coisas estranhas. E, mesmo que não tivéssemos, o tenebroso 'Guida' e o ainda pior 'Guidinha' rapidamente surgiram, em tom de brincadeira. 

O drama das Guidas é tal, que fomos logo alertados para esse destino inevitável, que aguardava a Margarida, como que a esfregar sadicamente as mãos. Se é Margarida, será, invariavelmente, mais cedo ou mais tarde, em menor ou maior escala, uma Guida. Ou Guidinha. 

Ingénua que era, acreditava que esses tempos já eram, que, no máximo, teríamos uma Maggie ou uma Magui. É que eu até compreendo, Margarida é um nome longo. Dá algum trabalho, exige alguma articulação e admito que eu própria já me enrolei uma ou outra vez.  

Mas é, para mim, o nome mais bonito. O mais especial... É o nome que nós escolhemos, aquele que (tão bem) identifica a nossa filha. O que lhe assenta que nem uma luva. Nome de flor. A nossa Margarida. 

Esta semana, na creche, quando preparava a Margarida para voltarmos para casa, ouvi "Guida, já vais embora?". Continuei. Outra vez. Três vezes. A insistência fez-me olhar para trás, mesmo sem ter feito qualquer associação. Era a auxiliar da sala da Margarida. Aquela senhora, genuinamente querida, que lhe dá sempre um beijinho repenicado e recebe em troca o sorriso feliz da Margarida. 

Acho que andei numa espécie de negação, porque, na verdade, esta não foi a primeira vez que ouvi referirem-se assim à Margarida, lá na creche. Achei sempre que era em tom de brincadeira, de tão má que a outra hipótese seria. Então, ria-me. Mas esta semana tive a certeza - seja para a educadora ou para as auxiliares, a minha filha é uma Guida.

Sei que se trata de uma guerra desigual, mas eu recuso-me a deixar que o destino desta Margarida seja igual ao das restantes. 

Se não podes com eles, mais um motivo para não te juntares a eles! 

O nome da minha filha é M-a-r-g-a-r-i-d-a.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Olhó pai a falar para ti! #2


A Visão de uma Gravidez por Afinidade

1º Trimestre

Agora tenho mesmo que começar a perceber disto, a lembrar-me das aulas de biologia, ver vídeos no youtube sobre gestação passo-a-passo e perceber que milhões de milagres têm que acontecer para que tudo aconteça com "normalidade".

No primeiro trimestre, se a mãe chegasse ao pé de mim e dissesse que, afinal, não estava grávida (falso alarme), haveria por certo um reajustamento cerebral, por assimilação da nova fase, mas o choque não seria muito grande, já que não sentia nada no meu corpo nem havia, ainda, alterações muito visíveis no corpo dela.

2º Trimestre

Com a barriga já bem saliente e a visível presença de um ser frágil no seu interior, na minha cabeça impunha-se a necessidade de um aumento da segurança desse mesmo ser, com uma espécie de reforço blindado, com barras anti-choque, pois a barriga sempre me pareceu vulnerável e insuficientemente segura, mesmo para os pequenos acidentes.

Essa “preocupação” aumentou quando começaram os primeiros movimentos de dentro para fora, que para além de serem perceptíveis ao toque, eram já visíveis ao olhar atento. Foi aqui que senti a primeira comunicação involuntária e os primeiros laços extra-biológicos.

Um pequeno ser, que mais tarde (no meu aniversário), iria ser revelado o sexo por uma profissional de saúde de leste, munida de meios tecnológicos avançados - “É uma minina!”, disse ela! Foi impossível conter a emoção, senti mesmo que naquele momento fazia-se História, a nossa história.

3º Trimestre

Período de todas as revelações e emoções fortes. Ver o primeiro sorriso em 3D, contornos do rosto (ainda que digitalizados), exames que revelariam (felizmente) uma boa saúde do bebé e da mãe (parabéns à mãe, pelas exemplares condições que ofereceu a ela própria e à bebé).

A necessidade de comunicar com o pequeno ser, agora já Margarida, foi bi, tri-diária... A constante actualização das evoluções sensoriais e motoras, semana após semana... Até aos sinais que nos indicariam que o grande momento estava perto.

E O MOMENTO é mesmo O ACONTECIMENTO das nossas vidas, pois nada é comparável à força avassaladora daquele momento.
E nada, nem mesmo o acompanhamento bem de perto de todo o processo (Aulas de Preparação, vídeos, tutoriais, outras belas estórias), nada me preparou para o dia 7 de Abril de 2014. O dia maior.

O Pai da Margarida.

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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Onde começa o amor?

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Quem nunca passou pelo nascimento de um filho pode até acreditar que, juntamente com aquele ser, nasce, de imediato, um amor imensurável. Ali mesmo, na sala de partos. Como se bastasse bater os olhos naquele bebé, que respira pela primeira vez. É isso que nos dizem. É isso que muitas mães continuam a apregoar que sentiram. Desculpem-me, mas isso são balelas. Fica bonito dizer que amamos os nossos filhos desde o primeiro minuto? Fica, mas eu não lhe chamaria amor. Às custas desse clichê, são muitas as mulheres que ficam a questionar-se, que se sentem pessimamente, que duvidam daquilo que serão enquanto mães, porque, efectivamente, não sentiram esse amor imensurável de que se fala, assim que ouviram aquele primeiro choro. 

Ao primeiro choro da Margarida, senti, acima de tudo, alívio. O maior alívio da minha vida! Alívio por ela estar bem, alívio por termos conseguido. Senti uma imensa e inebriante felicidade, que dificilmente se consegue explicar. Senti que estávamos, os três, a viver um momento histórico, na nossa história. Que era um privilégio, o maior de todos. Que, a partir daquele momento, tudo faria para assegurar o bem estar daquele ser, até ao fim dos meus dias. 

O nascimento da Margarida fez-me lembrar, mais que nunca, que não passamos de animais. Não nasceu um amor imediato e imensurável. Mas nasceu, juntamente com ela, a minha total disponibilidade para aquele ser. Uma capacidade de abnegação que desconhecia. Um encantamento crescente. Uma animalesca vontade de cuidar, lamber a cria, alimentá-la, reconfortá-la, admirá-la. Mas tudo isto sem saber muito bem porquê. Afinal, como poderia amar um ser que, mesmo tendo crescido dentro de mim, acabara de conhecer? Amar porque é suposto? 

Não amei a Margarida de imediato. Mas um dia, ainda na gravidez, pensei 'e se correr alguma coisa mal e apenas uma de nós se puder salvar?' (viva as hormonas!). Nesse momento, senti que preferia, sem qualquer hesitação, que se salvasse a bebé. Aquele ser que eu apenas sentia mexer cá dentro. Senti essa escolha com tanta verdade e convicção, que me assustou, de tão nova que era a sensação. Nesse momento, tive a certeza que estava preparada (dentro do que é possível estar), para ser a mãe da Margarida.

O amor, esse, foi-se construindo, como qualquer amor. Rapidamente passei a ser viciada na Margarida. Era uma necessidade animal de tocar, cheirar, acalmar, cuidar, que qualquer mãe bem conhece. Dava comigo a pensar que se, por algum motivo, me visse privada daquele bebé (outro grande viva para as hormonas!), enlouqueceria. O primeiro mês foi a fase do encantamento. A partir daí, com os primeiros sorrisos, veio a paixão. Uma paixão que galopava, de cada vez que o sorriso da Margarida me fazia sentir abraçada por dentro. Sem que me apercebesse muito bem disso, o amor, o tal imensurável, cá se foi instalando, graças a tantos momentos felizes, mas, também, a episódios mais delicados que juntos superámos. Graças a isso e a tudo o resto que desconheço. Um amor que cresce por tudo e por nada.

O amor que se sente por um filho deve ser das coisas mais difíceis de colocar em palavras. Sei apenas dizer que é um amor que me dá vontade de chorar. Às vezes, tantas vezes, olho para ela e os meus olhos enchem-se de água. E, ao escrever isto, sinto vontade de ir a correr ao quarto, abraçá-la e dar mais um bocadinho de beber a este amor, com aquele sorriso, aqueles olhos brilhantes, aquele cheiro - mas iria acordá-la e isso é capaz de não ser boa ideia. E é quando penso neste amor que me faz sentir tão viva, de tanto que enche a alma, que mais tenho certeza que nunca poderia chamar amor ao que senti quando a Margarida nasceu. 

A Margarida tem apenas 7 meses e meio e eu juro que não faço ideia onde irá caber mais deste amor, que cresce de forma colossal todos os dias. Mas sei, com toda a certeza, o que irei fazer com ele. Ou não fosse ela a minha filha.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

4490 Marias

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Segundo um artigo da Visão, no ano passado foram registadas 4490 Marias, 1942 Matildes, 1867 Joões e 1841 Rodrigos. Seguem-se, na lista dos nomes mais populares, Martim, Leonor, Tomás, Francisco, Mariana, Salvador e Carolina.

A notícia fez-me remontar àquela fase da gravidez em que, desconhecendo ainda o sexo do bebé, se começa a pensar seriamente no assunto. No nosso caso, nunca outro nome de menina veio à baila. Nunca outro foi hipótese. Nunca tivemos de fazer listas, ir a votos, decidir.

Ainda assim, a hipótese de ser menino fez com que pudesse sentir na pele um bocadinho do drama que muitos casais sentem, no momento de escolher o nome de um filho. Sou difícil com nomes. Contam-se pelos dedos da mão aqueles que não me fazem torcer o nariz. Especialmente no caso de nomes masculinos! 
Eu disse ao pai os que gostava. Ele disse-me os que gostava. Inicialmente, ficámos com duas opções, mas nenhuma delas me enchia as medidas. Ainda insatisfeitos, sentámo-nos frente ao computador e fomos percorrendo as listas de nomes. "Não", "Nem pensar", "Ahahahaha, NÃO!". Até que nos cruzámos com um que pareceu ter despoletado um qualquer click. "Olha, eu gosto!", "Eu também!", "Gosto mesmo!", "Está decidido!".

Acho que a ligeireza com que arrumei o assunto se deveu, em grande parte, ao facto de acreditar, cá bem no íntimo, que nada disso seria necessário, afinal, seria a Margarida. Felizmente, confirmou-se e o assunto ficou por ali mesmo. 

Ainda antes do nascimento da Margarida, percebi que nunca teríamos levado aquele nome de menino adiante. A certa altura, comecei a ouvir o nome em todo o lado. Na maternidade, dividi o quarto com outra recém-mãe, mãe de um menino com o nome que o meu supostamente teria. Na creche da Margarida, um menino com o nome que o meu supostamente teria. Na lista dos nomes mais populares do último ano, o nome que o meu filho supostamente teria. E isso fez-me ver, mais uma vez, o que as desgraçadas das hormonas são capazes de fazer! Nunca, em tempo algum, eu escolheria um "nome da moda". Mas escolhi, mesmo que de forma pouco convincente. 

Moral da história, se puderem, não escolham o nome do vosso bebé durante a gravidez. As hormonas vão minar-vos o cérebro e correm o risco de acabar com uma Leonor Matilde ou com um Rodrigo Tomás. 

Esta coisa das modas é de sempre e para sempre. Lembro-me de, ainda na escola, na hora da chamada, haver sempre aqueles nomes que se repetiam. De estranhar seria se, daqui por uns anos, a Margarida convidasse para as festas de aniversário a Cátia, a Marisa, o Sérgio, a Susana e o Jorge.

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Maternidade - O íman do fundamentalismo


Desde que me vi no papel de grávida, senti receio de me tornar numa daquelas mulheres que sempre gozei. Como não queria ousar subestimar o poder das hormonas, temi. Temi transformar-me na típica grávida, que não consegue parar de passar a mão na barriga, de empiná-la, de querer mostrá-la ao mundo, de a usar como bandeira para tudo o que é privilégio, desculpa ou regalia. Os meses foram passando e a minha mão passava na barriga apenas quando não havia público, quando éramos apenas nós. À excepção dos últimos três meses, em que fiz questão de reclamar sempre a minha prioridade, nunca usei a barriga como desculpa para nada. E juro que também nunca inventei desejos. 
Não fui muito de falar para a barriga, muito menos de cantar para ela - mas a Margarida fartou-se de me ouvir falar sem parar e, sobretudo, rir, rir muito. 
Sei que a Margarida não precisou das minhas constantes festas ou dos meus monólogos com a barriga para me sentir, para me conhecer. Nem eu precisava disso para me sentir mais mãe dela.

Depois de nos conhecermos cara a cara, aí sim, veio o real receio de me transformar em tantas coisas. De não conseguir ser a mãe que idealizava. De não ver mais nada. De não querer mais nada. De impor a minha pouca experiência. De não ouvir os outros. De ouvir demasiado os outros. De não ter a humildade de reconhecer as más escolhas. De não voltar a ser eu mesma, além da mãe da Margarida. De perder a sensatez. De me ir tornando, de mansinho, numa mãe fundamentalista. 
Medo de tantas coisas que me poderiam levar para bem longe de quem havia sido até então. Tinha medo que a maternidade me toldasse a visão e, pior, que eu nem sequer me apercebesse disso. 

Assim que se embarca nesta feliz loucura que é ter um filho, desenvolve-se uma espécie de íman que atrai tudo o que é conselho, comentário, opinião, dica, juízo de valor, sugestão, crítica - duvido que alguma grávida/recém-mãe/mãe consiga fugir a essa sina. As vozes insurgem-se, apontam o dedo, ditam as soluções e os inevitáveis desfechos, em caso de as ignorarmos. 
São vozes tão fundamentalistas que apontam más mães, aqui e ali. Elas existem, infelizmente. Mas nunca uma mãe será má mãe por ter agendado uma cesariana, por não amamentar, por praticar o cada-um-na-sua-cama-sleeping, por conseguir sair de casa sem o bebé de 15 dias. Concorde-se ou não. Pratique-se ou não.

E eu não tenho a menor paciência para isso. Não tenho e fico tão feliz por não ter! Garanto-vos que nunca me irão ouvir/ler a pregar sobre a forma como eu acho que devem educar ou cuidar dos vossos filhos. Ainda assim, e como a maternidade se torna muito mais fácil quando partilhada, sou muito mais rica (e melhor mãe, acredito), por ter com quem partilhar ideias, trocar opiniões, tirar dúvidas. Pessoas que sabem do que falam. Ou pessoas que possam estar tão à nora quanto eu. Não importa. Importa a intenção, a sensatez, a noção de onde começa a liberdade do outro, enquanto mãe/pai, a pessoa que terá sempre a última palavra. Uma escolha que merece todo o respeito, mesmo quando discordamos. 

Ao todo, conto apenas com 16 meses de experiência, como grávida e como mãe, mas sinto que se esgotou a minha paciência para ouvir/ler sobre como são péssimas mães as que optam por não amamentar ou como são umas fundamentalistas aquelas que sonham amamentar até aos 2 anos. Sobre as maravilhas do co-sleeping ou sobre o quão mimadas ficarão as criancinhas por dormirem na cama dos pais. Sobre a mãe demasiado apegada ao bebé, que nunca mais foi jantar fora com o marido e até se anulou profissionalmente ou sobre a outra que é demasiado desapegada, trabalha e tira uma noite por semana para namorar. Sobre a alimentação, sobre a creche, sobre o sono, sobre tudo e mais alguma coisa que não acrescenta rigorosamente nada. 

Naturalmente, tenho a minha opinião sobre cada uma dessas questões, questiono-me sobre algumas delas, sobre outras tenho certeza de que a minha convicção não irá mudar. Mas daí até achar que tenho o direito de impingir a minha visão a alguém, vai um longo caminho. Um caminho que quero ter sempre a sensatez de não ousar percorrer.

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Aninhar, abrigar, aconchegar

Vicente Romero Redondo

Sobrevivemos àquela que foi, muito provavelmente, a pior semana destas últimas trinta e duas. E, nesta última semana, entre sonos trocados e agitados, a Margarida descobriu que gosta de dormir no aperto dos meus braços. E eu descobri que este furacão, tão sedento de mundo, tão repleto de energia, às vezes, também acalma. Aos sete meses, a Margarida parece começar a precisar que lhe mostre que sim, que também é bom acalmar, contemplar, desfrutar, deixar o mundo lá fora à espera e perdermo-nos em momentos mágicos. E eu descobri, nesta semana de tanto cansaço e preocupação, que, apesar de adorar ser mãe de uma bebé tão cheia de vida e de vontade de viver, sentia falta de a ver relaxar e sucumbir ao cansaço, nos meus braços. Rosto com rosto. Respirações fundidas. Batimentos sincronizados. Dois corpos na mesma temperatura. A mais pura intimidade. 

Esta semana serviu para me fazer sentir a urgência de saborear cada pedaço da Margarida. Ela está a crescer, cada dia mais curiosa, mais excitada pela quantidade de novidades. E teve de vir o raio de uma doença para a fazer abrandar, desinteressar-se, querer aninhar com a mãe. E a mãe, ainda a tentar perceber o que se estava a passar, abrigou-a de coração cheio, surpreendida. Uma e outra vez. Ambas percebemos que gostamos. Muito. Tanto. Por isso, hoje, assim que voltámos da creche, foi hora de aninhar e esquecer o mundo lá fora, que grita por ela. Garanto que amanhã será igual. E depois. Sempre que possível. Sempre que possível, irei tapar-lhe os ouvidos com abraços apertados, deixar o mundo em mute e fazer com que aqueles olhos curiosos pestanejem mais lentamente. Mas sempre ciente de que este meu pequeno furacão estará apenas a repor energias para um despertar electrizante, de sorriso rasgado e olhos brilhantes, como que a dizer "Mundo, estou de volta! O que tens para mim desta vez?".

Mais que uma otite, acreditamos que, pelo meio, se meteu, também, um salto de desenvolvimento. A Margarida está a passar, à maneira dela, por aquilo a que chamam 'angústia da separação'. Esta semana foi muito mais do que tratar daquele corpo pequenino, que não sossega. São as emoções e percepções que se alteram profundamente. E o resultado é um pequeno furacão que é, também, uma flor, com uma crescente necessidade de atenção. E de beijinhos nas mãos que se encostam aos meus lábios. E  de infindáveis sorrisos e abraços. E de cantigas e danças.
Agora, a Margarida não se limita a querer descobrir o mundo - ela quer que o façamos juntamente com ela. E há lá coisa que nós mais desejemos?!

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Isto de ser mãe

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Sempre ouvi dizer que isto de ser mãe era como viver com o coração fora do peito. O meu coração mantém-se por aqui. Mantém-se e bate mais forte que nunca. Mas bate, agora, ao compasso do coração da Margarida. 

Só que isto de ser mãe não mexe apenas com o coração. Mexe com a garganta, que fica com um nó apertado, de cada vez que o termómetro dispara. Mexe com o estômago, que dá a sensação de estar virado do avesso, de cada vez que ela chora de dor ou de qualquer outro desconforto. Mexe com as pernas, que ficam bambas, perante tamanha impotência. Mexe com os braços, que ficam dormentes de tanto colo que têm para dar. 

Antes de ser mãe, conseguia imaginar que ter um filho doente fosse imensamente angustiante para os pais. Aos 7 meses da Margarida, senti isso na pele. Sentimos. Antes, imaginava que essa angústia se devesse à preocupação. Estes dias ensinaram-me que, mesmo quando o quadro deixa de ser tão preocupante, a angústia mantém-se, de pedra e cal, até ao dia em que a prostração termina. Há poucas coisas mais angustiantes que ver um filho doente. Seja lá que doença for. Sabê-lo doente é mau, mas vê-lo doente é de cortar o coração, aquele que bate no mesmo compasso.

Aos bocadinhos, a Margarida está a melhorar, e nós juntamente com ela. Que isto de amá-la com o corpo todo, às vezes, também dói.

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

7 meses no dia 7



Sete meses. Sete! Estou há horas a repetir este número, a tentar interiorizar. Não sei porquê, mas este 'sete' tem um peso diferente dos restantes números. Acho que deixei de ver a Margarida como um bebé pequenino. Não sei se pelo número, se pela quantidade de novidades das últimas semanas, ou por uma conjugação de ambos. 

A Margarida cresceu. Adora comer e come como gente grande. Bate palminhas. E bate, bate, bate, até na hora de adormecer! Diverte-se a chapinhar na água do banho e a apanhar os patinhos. Tem uma força física que nos surpreende (e assusta) todos os dias. É louca destemida. E ri-se. Ri-se sempre, todos os dias, a toda a hora! Mas a Margarida não se limita a rir. A Margarida ri-se com vontade, com expressões do mais profundo gozo e diversão. Na creche, é conhecida como 'o furacão', mas um do tipo bem disposto. Tem um dentinho a crescer de dia para dia. Já se move para onde quer, quando quer - nem que tenha de accionar o modo lagartixa. A Margarida acredita que algures está sempre a acontecer algo mais interessante e divertido - e tem de ir lá ver para ter a certeza, mesmo que não saiba propriamente onde fica 'algures'. É persistente - nem que fique ofegante, a Margarida só para quando consegue. Diz 'papá', para grande felicidade e orgulho do papá... e da mamã! Gosta de dormir (de lado) e dorme sempre a noite toda - igualmente para grande felicidade dos papás! 

Bem sei que a Margarida é, na verdade, mais um bebé igual a tantos outros, em tantos aspectos. Mas esta é a nossa Margarida. A única. Para nós, que há sete meses (sete!) temos o privilégio de viver com e para ela, a Margarida é o maior sorriso do mundo. O amor maior. E tem, agora, sete meses.

"Nunca sorrimos tanto assim, 
És a flor mais bela do nosso jardim,
Margarida...
O amor não tem fim."

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Coisas que eu gostava que me tivessem dito

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Se há altura da vida em que uma mulher vai ouvir coisas completamente desnecessárias e infelizes, é durante a gravidez. No meu caso, os comentários que mais me incomodavam vinham sempre em jeito de vaticínio, uma espécie de sina à qual não poderia escapar. A julgar pelo que fui ouvindo, não era sequer suposto ter sobrevivido além do terceiro mês. Pelo menos, de forma sã e minimamente apresentável. 
Esses comentários, com um leve toque de sadismo, além de não acrescentarem nada, ainda me irritavam mais. Especialmente quando vindos de outras mães, que, do alto da sua imensa e intensa experiência, sentiam aquele gozo efervescente, ao lançarem o pânico junto de grávidas, que é como quem diz, poços de sensibilidade ambulantes. 

Felizmente, sempre fui bastante impermeável a opiniões e vaticínios alheios. Mas, azar dos azares, na gravidez, essas coisas - e todas as outras - afectam! Não basta o nosso corpo estar a fabricar um pequeno ser humano, os desconfortos crescentes, a ideia de passar por um parto, o total desconhecido e as imensas dúvidas ao estilo 'serei capaz?', ainda temos de levar com a história do bebé que nasceu sem braços, da mulher que nunca perdeu aqueles 20kgs, ou do bebé que com um ano ainda não dormia uma noite seguida, o que fez com que os pais se divorciassem.

Em conversa com uma amiga que está grávida, reparei que agora sou eu a ter de ter cuidado com o que digo. Não sinto que deva pintar de cor-de-rosa uma realidade que tem, também, muitos cinzentos, mas acredito que devo dizer apenas aquilo que poderá, efectivamente, acrescentar algo, ajudar ou elucidar. 
Dei por mim a questionar-me sobre o que gostaria que me tivessem dito, ao invés daquelas tretas sádicas, que as mulheres dizem umas às outras. Eis o meu top 3:

Amiga, compra já umas ampolas e um bom champô anti-queda!
Ok, este comentário também surge ao estilo vaticínio, mas de uma forma construtiva. Informativa! Durante a gravidez, fui lendo aqui e ali sobre as mudanças que a gestação trazia ao cabelo, que nuns casos se tornava mais fraco, noutros mais forte e brilhante. Cheguei ao fim da gravidez igualmente satisfeita com o meu, portanto, achei que tinha escapado ilesa. Passou-se um mês, dois, perfeito! Ao terceiro mês de pós-parto, a coisa ficou crítica. Cada vez mais cabelos na escova, cada vez menos na minha cabeça. Quando comecei a comentar com x e y, as pessoas confirmavam, lá por volta do terceiro mês após o parto, o cabelo cai. A rodos. E eu juro que ainda hoje não entendo como é que ninguém se lembrou de me avisar. 

O pós-parto é lixado! Vais-te sentir mal, vais duvidar de tudo, mas é normal e vai passar!
Claro que eu sabia que o pós-parto não deveria ser nada fácil. Claro que imaginava que seria delicado, sendo que essa fase envolveria um recém-nascido e uma recuperação física. Mas ninguém me avisou que, emocional e psicologicamente, poderia ser pior que a gravidez. E, no meu caso, foi. Aliás, o pós-parto foi pior que a gravidez e o parto juntos. Levamos 9 meses a prepararmo-nos para ambos, sem haver qualquer referência ao que vem depois, à excepção dos cuidados a ter com o bebé. E os cuidados com a mãe? Neste ponto, "culpo" também os profissionais de saúde, que deveriam abordar a questão, tanto junto da grávida, quanto do companheiro (que também tende a ser apanhado de surpresa). É importante dizer que acontece, que é normal sentirmo-nos tristes (mesmo que o mundo, e nós próprias, não o entendamos), que pode acontecer. É importante saber disso. As hormonas são lixadas, sim. O baby blues existe, sim. E passa, SIM! Valha-nos o facto da queda de cabelo vir só lá mais para a frente!

Não habitues o bebé a adormecer com embalo!
No nosso caso, seria mais "não vás à bola!". Quando a Margarida tinha cerca de dois meses, o pai descobriu que dar pulinhos com a miúda ao colo, na bola de pilates, não só a acalmava, como adormecia. Ui, maravilha! Seguiram-se dois meses de adormecimentos aos pulos. E o que, no início, nos pareceu a descoberta das nossas vidas (e uns trocos a menos gastos em ginásio), transformou-se num pesadelo que nos fazia pular incessantemente, até a Margarida finalmente fechar os olhos, o que, numa das vezes, levou 1h30m a acontecer. Uma hora e meia a saltar numa bola. Não havia outra forma de a adormecer. Depois de muito desespero, pesquisa, leitura e conversa com outras mães, percebi o (grande) erro. Futuras mães e pais, anotem: não devemos embalar os nossos bebés, seja no colo, no carrinho... na bola de pilates! Devemos ensinar o bebé a desenvolver a capacidade de se auto-acalmar, mas de uma forma que ele próprio consiga reproduzir mais tarde. E, convenhamos, nunca nenhum bebé irá adormecer sozinho, aos pulos ou a dar palmadinhas no rabo. 

Claro que, nisto dos bebés, convém sempre ressalvar que cada caso é um caso. Todos os bebés são diferentes, tal como as gravidezes, partos, pós-partos e dinâmicas familiares. Falo apenas da minha experiência. Teria sido muitíssimo útil que alguém me tivesse dito uma série de coisas, que vim a descobrir por mim mesma, algumas delas errando. Nisto da maternidade, como em muitas outras coisas, as mulheres conseguem ser as piores inimigas umas das outras, mesmo que sem intenção. E seria tudo tão mais fácil se nos deixássemos de clichés idiotas e partilhássemos coisas realmente úteis e construtivas, não acham?

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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ideias Giras | Milestone Baby Cards


Há ideias tão, mas tão giras, que merecem mesmo ser partilhadas! 
Registar para a posteridade o primeiro ano de vida do bebé, em semanas, meses e ocasiões especiais, através de fotografias com cartões ao estilo legenda, é a proposta dos Milestone Baby Cards

"Hoje faço duas semanas", "Hoje dormi a noite toda pela primeira vez", "Hoje cresceu o meu primeiro dente", "Hoje andei pela primeira vez", são alguns dos "hojes" mais importantes do primeiro ano de vida do bebé, que os Milestone Cards ajudam a documentar de forma ainda mais bonita. 

Naturalmente, a ideia partiu da cabeça de uma mãe (holandesa), que quis eternizar os momentos mais marcantes da vida do filho. O resultado está agora traduzido em português, em 30 cartões ilustrados, com espaço para escrever a data. 

E a pena que eu tenho de não ter descoberto isto antes do nascimento da Margarida?! 

Fica a dica para as grávidas e recém-mamãs, ou para quem, simplesmente, quiser oferecer um presente de nascimento para lá de giro!

Podem encontrar os cartões na Origami Kids - Loja Online

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Uma margarida a florescer


Se há coisa que estes quase 7 meses de maternidade já me ensinaram é que, para sempre, irei viver dividida. Agora sei que ser mãe é viver numa constante montanha russa de emoções, numa viagem tão alucinante, que chega a ser difícil olhar para os lados e reparar na velocidade a que nos movemos. 

O primeiro ano de um bebé é sempre o das maiores novidades, mudanças e conquistas. Começamos com um ser minúsculo, quase em estado vegetativo, que, ao longo dos meses seguintes, dará lugar a um bebé que sorri (com dentes), que brinca, que se senta, que gatinha, com vocábulos que se assemelham a palavras e que tenta, ainda, ensaiar os primeiros passos. Haja metamorfose! 

No início, acredito que não se desfruta verdadeiramente. Queremos sobreviver, levar um dia após o outro. Depois começa a fase realmente boa, em que a coisa deixa de ser unilateral, em que o bebé começa a sorrir para nós, a fazer realmente parte do nosso mundo - e a parecer que até gosta de cá viver. Cada vez mais. 

Quando damos por nós, já embarcámos na tal viagem alucinante, com bilhete só de ida. Quando olhamos em volta, vamos num TGV rumo ao mês seguinte. E depois ao outro. Para qualquer outra pessoa, foi apenas mais um mês. Para o bebé, foi o mês em que conquistou mais uma mão cheia de habilidades essenciais para as etapas que se seguem. Sempre a somar, sempre a aprender, a explorar e a conquistar mundo. Nós, pais, estimulamos, aplaudimos, mas, sobretudo, assistimos da primeira fila, com os olhos a brilhar e o coração a transbordar. 

Já estava habituada a ver a Margarida somar pequenas conquistas, as normais, as expectáveis, mas não menos excitantes. Mas, este mês... caramba, este mês a miúda deu um pulo! São precisos muitos mais dedos para contar as novidades, as novas aquisições, as mudanças, as conquistas. A Margarida cresceu de forma alucinante, nas últimas semanas. E, este mês, por cada vez que me emocionei com a alegria de a ver crescer, logo de seguida, uma imensa nostalgia teimou em invadir-me. Sei que por cada nova habilidade, há um gesto, uma expressão, um som que presenciei pela última vez. Porque a Margarida está a crescer, tanto! 

Todas as noites, antes de me deitar, olho para ela e fico ali uns segundos a vê-la dormir, a tentar fotografar mentalmente aquele rosto tão perfeito, tão angelical. Quero guardar cada pedacinho da Margarida. Cada expressão, cada som, cada gesto, cada traço. Sei que não terei memória para tanto, que alguns pedacinhos se perderão pelo caminho e isso dá-me vontade de abraçá-la, para sempre. Mas ela tem coisas para fazer, para ver e viver. Tantas! Sempre mais. 

Sei que, para sempre, terei esta sensação agri-doce garantida. Sei que, para sempre, estaremos aqui os dois, a assistir, de coração a transbordar.

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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Olhó pai a falar para ti! #1


Antes da Margarida nascer, quando comecei a interiorizar o novo papel que, brevemente, iria desempenhar, nunca pensei que o que mais iria precisar, para um bom desempenho, seria PACIÊNCIA!

De facto, para além das constantes mudanças de fraldas, biberões, banhos, sonos de pequenos ciclos e constantes verificações de movimentos cardio-respiratórios, o exercício de maior exigência foi e é o da paciência.

A paciência foi altamente requisitada nos momentos de pré-sono e de adormecimentos propriamente ditos... Adormecimentos de longa duração e adormecimentos sem perspectivas de serem consumados, depois de um enorme investimento, quer de tempo, quer de pseudo-técnicas de condução aos braços de Morfeu.

Não foi preciso muito tempo para perceber que isto da paternidade exigiria, sobretudo, uma entrega sem pressas, sem relógio, sem desespero. E com isso percebi, surpreendentemente, que, afinal, tinha isso em mim, guardado para a Margarida, à espera que ela o viesse despertar.

A boa notícia é que, contra todas as adversidades, o amor faz com que essa paciência - condição sine qua non nisto de ser pai -, se multiplique. 

Se a minha paciência, antes de ser pai, já rareava em inúmeras situações, então, agora, é que ela é totalmente canalizada para seres prioritários, e com certeza que a Margarida é um deles.

O Pai da Margarida


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sábado, 1 de novembro de 2014

"É uma menina!"


Eram as palavras que, há precisamente um ano atrás, desejávamos ouvir. Desde que me soube a gerar um filho, nunca tive qualquer pudor em afirmar que sim, tinha preferência. Que não, não tinha rigorosamente nada a ver com querer encher as nossas vidas de vestidinhos cor-de-rosa e totós de todas as cores. Era tão mais que isso. Era a Margarida que eu desejava. Ela sempre teve nome. Se fosse menina, seria "a" Margarida. 

Há um ano atrás, foram precisamente essas as palavras que ouvimos. E nada há-de apagar da memória aquelas lágrimas que gritavam felicidade, aquelas mãos que se apertaram com tamanha força, aqueles sorrisos em rostos molhados que diziam tudo. 
Há um ano atrás, vi-lhe o sorriso mais feliz de sempre. E, naquela tarde, tive a certeza que, afinal, também ele tinha a sua preferência. A nossa Margarida. 

Esse momento fez-me acreditar que ele tinha acabado de ganhar uma menina do papá e que ela, a nossa Margarida, tinha ali conquistado um companheiro para a vida. 

A Margarida anunciou-se no verdadeiro Dia do Pai. Um Pai com letra maiúscula, como ele gosta de escrever.

O dia 1 de Novembro marca o nascimento do pai da Margarida. O dia 1 de Novembro de 2013 passou a marcar, para sempre, o nascimento dos pais da Margarida. 

P.s.: Parabéns, meu amor.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Amigos, amigos... filhos à parte

Que a chegada de um filho vem mudar radicalmente o mundo dos pais, não é novidade para ninguém. A vida, tal como a conhecíamos, deixa de existir. São outras rotinas, outros interesses, outras preocupações, outras alegrias e, principalmente, outras prioridades. Mais concretamente no caso das mães, que nos primeiros meses vivem disponíveis 24/7 para as suas crias, a identidade perde-se um bocadinho ali pelo meio. Passamos a ser tratadas por "mãe" ou "mamã", seja na maternidade, no pediatra, ou no centro de saúde. O peso de sermos a mãe de alguém tem tanto de fascinante quanto de assustador. Esse peso vem moldar-nos e, em alguns aspectos, chega mesmo a mudar-nos, de forma irreversível. 

Levou algum tempo até que me voltasse a sentir eu mesma. Que sentisse essa vontade. Que conseguisse integrar e assimilar o meu novo papel. Era, então, altura de recuperar os pedacinhos do antes, aqueles que ainda fazem sentido, que me interessam, apaixonam e fazem sentir viva. Até que, a meio do processo, percebi que muitas das coisas que antes faziam parte do meu dia-a-dia e da minha lista de interesses e prioridades já não me pertenciam mais. O mesmo acontece com as pessoas. Por força das circunstâncias, minhas ou delas, as vidas ganham novos rumos. 

Depois de ser mãe, as minhas prioridades alteraram-se, é certo. Sei que estou em falta para com alguns amigos, sei que uns entendem, outros nem por isso. A verdade é que esses novos rumos fazem com que se passem semanas, meses, até que o tão falado café se concretize. A diferença reside na disponibilidade, a diferentes níveis. No início desta aventura, nem disponibilidade emocional tinha para um simples café, para outros assuntos, outras pessoas. Mea culpa! 

Mas, depois de ter passado uns meses nessa espécie de bolha, olho para o resto do (meu) mundo e vejo que, assim que a maternidade entrou em cena, também as amizades se alteraram profundamente. Refiro-me, sobretudo, à forma como os amigos passaram a ver-me e a lidar comigo.

Primeiro, aqueles amigos que se interessam. Gostam de nós, fazem parte da minha vida e querem que a coisa permaneça da mesma forma, adicionando alegremente o novo elemento ao clã. Neste grupo de amigos interessados, reparo que o grau de interesse relativamente à Margarida é sempre proporcional ao desejo que têm (ou não) de ter filhos. Muitas vezes, estes amigos querem saber detalhes mais práticos e concretos, um bocadinho a apalpar terreno, a ver se se imaginam, efectivamente, no papel. Aqueles que nem equacionam vir a ter filhos tão cedo, perguntam, gostam de saber, mas sem exageros - umas fotos e umas gracinhas bastam!

Depois existem aqueles amigos que, além de se interessarem, entendem. Nesta classe de amigos, mais raros, alguns deles são amigos recentes, igualmente com filhos, aqueles que a maternidade trouxe ou aproximou. Estes amigos gostam de trocar ideias e de acompanhar, falam a mesma língua, entendem a importância de coisas mínimas, têm um efeito 'normalizador' e, o melhor de tudo, quando são realmente amigos, conseguem vibrar, também, com o desenvolvimento da Margarida. E eu com o dos filhos deles.

E, por último, descobri que existem os amigos que evitam tanto o assunto bebés e crianças, que passam a evitar-nos a nós também, como se de uma doença contagiosa se tratasse. Assumem que a nossa vida, simplesmente, passou a resumir-se a isso. Que vamos falar apenas disso. Que passamos para o lado de lá da barricada. E porque é que isso os afecta tanto? Tenho para mim que são precisamente essas as pessoas que mais se assustam com a ideia de ter filhos, como se isso mexesse com alguns fantasmas que imploram por um exorcismo. Em suma, evitam-nos, como forma de evitar o que lhes vai lá dentro.

À excepção do grupo de amigos que também têm filhos, a maternidade parece ter vindo criar uma espécie de fosso. Uns querem fazer parte, mas não sabem muito bem como nem quando, outros não querem de todo, porque, afinal, existe um apêndice que se baba como se não houvesse amanhã.

Com ou sem filhos, todas as amizades se assumem de diferentes formas, com diferentes papeis, finalidades, graus de intimidade e companheirismo. Com a Margarida, a minha disponibilidade, a todos os níveis, passou a valer ouro e eu sei bem com quem a quero e devo partilhar. Posso retomar muitas das coisas que me interessam, apaixonam e fazem sentir viva, mas sei que a vida nunca mais será a mesma. Mas essa é uma bagagem minha. Não ando a impingi-la a ninguém. A Margarida não está sempre comigo. Eu não falo apenas da Margarida. Não me interesso apenas pela Margarida. Sou a mesma, mas sou agora mais, porque sou, também, a mãe da Margarida.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Até ser mãe

Sempre gostei de espontaneidade. Refiro-me àquela espontaneidade que nos permite mudar de planos, combinar um café, um jantar ou uma qualquer saída, quase em cima da hora. O inesperado era coisa que me agradava. Claro que, na maioria das vezes, a vida obrigava a alguma reorganização, coisa que facilmente conseguia fazer com um ajuste aqui e outro ali. Até ser mãe.

Depois veio a Margarida. Com ela, trouxe a exigência de uma dedicação exclusiva, a anarquia total das horas, dos dias, das semanas que se transformaram num mês e depois em dois.
E se, no início, não podemos falar propriamente em horários ou rotinas de um recém-nascido, isso não significa que nós, pais, não tentemos, dia após dia, criar uma rotina, acções em horários que se repetem, e que ajudem, essencialmente, o bebé  a começar a orientar-se cá fora.

Com o passar do tempo, começa-se a conhecer o bebé, a perceber o que ele precisa, quando precisa e durante quanto tempo. Até que vem uma nova fase e tudo muda. O bebé muda! Começa-se novamente a tactear tudo, a fazer ajustes, a reavaliar horários, a criar novas rotinas. E assim sucessivamente.
Persistir numa rotina passa a ser um objectivo diário e, assim que percebemos a forma como a repetição das acções ajuda o bebé a viver melhor, sentimos que aquele é o único caminho que devemos seguir. Para bem de todos. 

Isso significa, sim, que as necessidades do bebé passam a estar em primeiro. Tudo o resto que acontece, nos primeiros tempos de vida daquele ser, acontece nos intervalos. Ou assim deveria ser. Infelizmente, acredito que, na grande maioria dos casos, os pais são os únicos a respeitar e a compreender as necessidades do bebé. Mas, em boa verdade, é por isso mesmo que somos nós os pais, certo? Se há dias em que a incompreensão e a falta de cooperação de terceiros me incomodam, na maioria das vezes, tudo se contorna com algum jogo de cintura e com a ideia presente de que as pessoas não o fazem por mal.

Até ser mãe, sempre fui bastante flexível com horários e atrasos. Agora não sou. É o bem estar da Margarida que está em jogo e esse estará, para sempre, à frente de tudo. Por isso, não estranhem se por vezes nós, pais, vos parecermos demasiado rígidos e inflexíveis. Continuaremos a sê-lo, mesmo tendo de levar, eventualmente, com alguma incompreensão e caras feias pelo caminho.

Poderia afirmar que a maternidade me tirou a liberdade de fazer o que quero, quando quero. Mas não. A maternidade veio apenas alterar aquilo que eu quero. E o que eu quero, acima de todas as coisas, é que a Margarida esteja bem, que as suas necessidades e horários sejam respeitados. Que ela coma, durma e brinque nos tempos que eu já lhe sei serem os mais convenientes. Depois, assegurada essa parte, venham daí as visitas, os passeios e os jantares, que nós também gostamos (e muito) de ser  e ver gente!

Há quem acredite que o bebé tem de se ajustar à vida dos pais. Cá em casa, acreditamos e defendemos o contrário. Nem concebemos a vida de outra forma. Quem quiser juntar-se a nós, com ou sem Margarida por perto, terá de compreender isso. E avisar com alguma antecedência, já agora!

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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

As hormonas que ficam... para sempre!


Esta manhã, enquanto levava a Margarida à creche, a certa altura começo a ouvir buzinadelas. Olho e vejo os carros a abrirem alas para passar, não o Noddy, mas uma grávida com uma barriga tal, que espreitava pelo vidro do carro. Era claro que a grávida, no banco do passageiro, não ia a passeio, ia, antes, para a maior aventura da vida dela. Na janela do banco de trás, alguém agitava freneticamente um lenço branco. Sim, uma típica cena de filme!

Quando cada um voltou à sua vida e eu voltei a mim, estava de lágrimas nos olhos e sem entender muito bem porque é que estava a ter de me controlar tanto para não chorar. De mim para mim, desejei àquela mulher, cujo rosto nem consegui focar, que tudo corresse bem. 

Também nós fizemos aquele percurso, numa noite de Abril, a horas de conhecermos a Margarida. Há uns tempos atrás, aquela cena ter-me-ia, no máximo, roubado um sorriso. Mas o (meu) mundo mudou. Hoje, eu sabia o que ela estava prestes a viver e isso apoderou-se de mim, juntamente com uma avalanche de memórias, que me pareceram já tão distantes, quando olhei para baixo e vi a Margarida a apreciar as vistas, enquanto enfiava a chupeta sozinha. 

Ainda a tentar encontrar explicação para toda aquela emoção que me percorria o corpo, pensei "são as hormonas!". 
Passamos nove meses a culpar as hormonas (essas desgraçadas que nos fazem  querer sentar no chão e chorar até desidratar, porque o móvel do Ikea está esgotado), e a tudo isso vem juntar-se um pós-parto, com hormonas desempregadas, a fazer estragos a cada 20 minutos. Habituamo-nos a culpar as pobres hormonas, quando a elas devemos agradecer o facto de termos sido capazes de gerar aquela vida - mesmo que de forma temporariamente bipolar e insana! 

Mas até quando é que é aceitável usar esse bode expiatório? Quase sete meses após o parto, ainda poderão andar por aqui umas desgraçadas a fazer das suas? Podem, é certo. Pode isso e pode a minha sensibilidade ter mudado, para sempre. 
Para sempre hei-de saber que uma grávida, numa fila de supermercado, merece toda a prioridade do mundo. Para sempre hei-de querer dizer a toda e qualquer grávida que tudo há-de correr bem, ao invés do infeliz "aproveita agora para dormires". Para sempre hei-de passar pela maternidade, olhar e pensar que sei exactamente o que se está a passar lá dentro e que, para muitas pessoas, aquele será o dia mais marcante das suas vidas. E vou sorrir por dentro. 

Esta manhã, tive a certeza que há hormonas que ficam... para sempre!

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terça-feira, 21 de outubro de 2014

As mães que eu não suporto



A propósito do artigo Pessoas sem filhos vs Pessoas com filhos, publicado, ontem, no P3, chego à conclusão de que não suporto a maioria das mães. Não suporto as mulheres que, tendo filhos, passam a ter prazer em cultivar o caos que é a vida, agora, com filhos. É um prazer sado-masoquista. Adoram alarmar as futuras mães, ditar-lhes uma sina fatídica, em que sono, higiene e vida amorosa passam a ser uma memória remota. 

Adoram, também, aliar-se umas às outras, numa espécie de culto, ou mesmo seita, em que existem as mães, essas pobres coitadas que não têm tempo para nada, que não tomam banho, que têm a casa num caos e que, em suma, deixam de existir enquanto seres humanos... e depois existe o resto do mundo. 
Essas mães, as grandes altruístas, tão bem resolvidas que estão, não conseguem parar de fazer comparações, de olhar para a vida da amiga, a que continua a ser gente (sem filhos, leia-se) e invejarem-na. Mas, para a coisa não soar ao que é, lá vem, em jeito de "vamos lá concertar isto", um "mas é o melhor do mundo e não trocava esta vida por nada", como que a minimizar ou descredibilizar a vida do outro, que ainda, não se reproduziu.

Do alto da minha meia dúzia de meses de experiência, permitam-me que repita: não suporto a maioria das mães! Estão a tentar exorcizar o quê? Convencer de quê? Conseguir o reconhecimento de quem? Se decidiram ter um filho, é óbvio que terão menos tempo para vocês, que os banhos terão de ser mais rápidos, que os dias terão uma rotina nova e diferente de tudo o que conheceram, que terão de ir inúmeras vezes ao pediatra, que grande parte do vosso orçamento irá ser gasto em coisas que não são para vocês vestirem, comerem ou brincarem. 

Mas essas mães que eu não suporto insistem em escrever assim, como se lê no referido artigo:

"As pessoas sem filhos anseiam por sexta-feira. As pessoas com filhos temem-na."
Esta mãe, claramente, está muito feliz com a escolha que fez e com o facto de ser obrigada poder passar tempo com os filhos, no fim-de-semana. Filhos felizes, weee!

"As pessoas sem filhos têm cartões de cinema ilimitado. As pessoas com filhos têm cartão IKEA family."
Amiga, nunca tive nem um nem outro! Mas acredito que haja uma qualquer entidade reguladora desse tipo de coisas, pela convicção com que falas!

"Para relaxar as pessoas sem filhos vão para o ginásio. As pessoas com filhos vão para o trabalho."
Portanto, deixa-me ver se eu entendi, as pessoas sem filhos não trabalham. Passam o dia no ginásio. Que grande confusão vai nessa cabeça! (até ia sugerir a esta "mãe" aproveitar o fim-de-semana para relaxar, também, com os filhos, mas depois lembrei-me do primeiro ponto!)

"As pessoas sem filhos escolhem o restaurante em função do menu, do preço, do chef, da decoração ou da localização. As pessoas com filhos entram no primeiro restaurante que tenha cadeiras para crianças."
Ao menos vais jantar fora com a criança, qual é o teu problema? Ok, deve ser fim-de-semana! (Até poderia fazer referência ao facto de qualquer restaurante ter cadeira para crianças, mas isso seria tornar este ponto sem sentido...)

"Ao sábado à noite, as pessoas sem filhos vão jantar fora, ao cinema e a um bar. As pessoas com filhos vão à cozinha aquecer restos no microondas, vêem meio episódio de uma sitcom e adormecem no sofá."
Ao sábado à noite, podes procurar afincadamente um restaurante que tenha cadeiras para crianças. Fica a dica.

"As pessoas sem filhos comem cereais, torradas, sumo de laranja e café ao pequeno-almoço. As pessoas com filhos também, mas metade disso vai parar à roupa, à carpete e aos cortinados."
Gostava que, antes de ser mãe, esse tivesse sido o meu pequeno-almoço típico. Em vez disso, sempre tive animais e, muitas vezes, o meu pequeno almoço foi parar à roupa, à carpete e aos cortinados.

"As pessoas sem filhos sentam-se no sofá a ler um livro e a beber um chá. As pessoas com filhos sentam-se na sanita e fecham a porta da casa de banho à chave para terem 5 minutinhos de relax."
Ora espera lá! As pessoas sem filhos não eram aquelas que iam a restaurantes, bares e cinemas?! O cházinho e o sofá é para as mães, minha menina! 

"As pessoas sem filhos vão domir. As pessoas com filhos vão fazer óó."
Vá lá, ao menos esta não nos impinge a ideia de que as mães sofrem todas de privação de óó. Mas a esquisitice, neste ponto, chega ao domínio da semântica!

"As pessoas sem filhos vão a esplanadas e ao cabeleireiro. As pessoas com filhos vão a parques infantis e ao pediatra."
Há pessoas que se em vez de perderem tempo a escrever pseudo-artigos, fossem ao cabeleireiro, talvez já tivessem menos ar de quem vai apenas ao parque e ao pediatra. 

"As pessoas sem filhos comem sobremesas. As pessoas com filhos escondem-se na cozinha e comem dois quadrados de chocolate para cima do lava-louças. Quando apanhadas em flagrante, as pessoas com filhos dizem que é medicamento e emborcam meio copo de água para validar a farsa."
E depois há quem deva passar o dia a ter de emborcar copos de água, para validar a farsa em que vive. Especialmente se for sexta-feira!

Parem lá de se queixar, "mães". Ninguém vos vai dar o prémio da melhor mãe do ano. Já repararam que mães é o que mais há no mundo? Filhos, esses, existem apenas os nossos.

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domingo, 19 de outubro de 2014

Vem aí... o pai!


E se a este amontoado de dissertações sobre gravidez, bebés e parentalidade, se juntasse também a voz do pai? O desafio foi lançado, o pai aceitou e este anúncio serve, também, como forma (assumidíssima) de pressão, para que ele comece a teclar o primeiro post!

O sorriso tão rasgado e feliz da Margarida não o é em vão. Não lhe faltam motivos para ser feliz, e um deles é o pai. Um pai que esteve presente em cada ecografia e aula de preparação, que também a ajudou a nascer. Um pai que soube sempre na ponta da língua os horários das refeições ou mesmo dos medicamentos, que, mesmo não fazendo a sopa, sabe todos os alimentos que a filha já ingere. Um pai que lhe faz e dá música, que vibra com cada nova descoberta. Um pai que lhe chama os nomes mais docinhos. Um pai, portanto. 

Um pai que, eu sei, tem muito a dizer, porque, afinal, vive a filha intensamente, desde o dia em que a soube a caminho. 

"Olhó pai a falar para ti", em breve, neste blog!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ideias Giras | Dream Pillows


E para estrear a rubrica Ideias Giras, nada melhor que uma empresa do Porto, que transforma a arte das nossas crianças em almofadas únicas. Assim que me cruzei com a Dream Pillows, foi impossível não ficar rendida à ideia, que através de técnicas tradicionais, como o bordado, a pintura e a costura, reproduz fielmemente aqueles desenhos super especiais, eternizando-os nas mais ternurentas almofadas.   

Mas a ternura não se fica por aí. Com o crescimento da Dream Pillows, surgiram novos produtos, não menos encantadores. Existem almofadas para todas as ocasiões, todas elas pautadas por um imenso bom gosto, sempre com aquele toque tão docinho.

Resta-me esperar, pacientemente, que a Margarida comece a esboçar as primeiras obras!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

263 dias



Foi esse o tempo que a Margarida levou a formar-se dentro de mim. Pétala a pétala. Foram precisos 263 dias para a formação de uma nova vida, de uma mãe, de um pai, de uma família. Agora, com algum afastamento, recordo esses nove meses com um sorriso ainda mais especial, uma espécie de 'eras tu!', que transforma toda a alucinante experiência que é o gerar um filho, num privilégio, porque, afinal, era ela, a nossa Margarida.

Duvido sempre daquelas pessoas que descrevem a gravidez como um período maravilhoso, mágico, de infinita (e inquestionável) felicidade. Duvido e, ao mesmo tempo, invejo - não vá às vezes ser verdade!
Para mim, não foi. No início, os receios e as preocupações toldaram-me a visão. Depois, sim, comecei a desfrutar da ideia, do momento, da perspectiva de uma nova vida, a três. Mas esse encantamento durava uns 10 minutos, para rapidamente ser atropelado por um sem fim de questões, como é típico de quem pensa demais.

Durante a gravidez, sabia que teria de ir do ponto A ao Z. Mas desconhecia as restantes letras que os separavam. Não me era sequer possível imaginar como seria, por exemplo, passar por um parto. A certa altura, comecei a acreditar que, com tanto que poderia correr mal, mais valia acreditar, com todas as forças, que tudo correria bem.

E correu. A Margarida esteve bem, durante toda a gravidez. Felizmente, nunca houve um único motivo de preocupação (à excepção daquele dia em que o raio da miúda não dava sinais de vida e me fez chorar de preocupação - até passar uma ambulância na rua e ela acordar!). Já eu, passei por alguns maus bocados. Os desconfortos, a partir do quinto mês, eram diários, constantes, crescentes! Lá para o oitavo mês, eu já só ansiava pelo fim. À ansiedade de querer conhecer a nossa Margarida, somou-se o desespero por querer voltar a sentir-me eu. Por me poder mover sem dores - um nervo ciático comprimido pelo útero, desde as 22 semanas, é coisa que não desejo a ninguém (nem mesmo às tais mulheres que descrevem a gravidez como algo maravilhoso, do princípio ao fim!).

Mas, sim, tudo correu bem. Tendo em conta que a gravidez foi toda passada com a convicção de se tratar de um meio para um fim, quando chegou, finalmente, o fim (que era, na verdade, o começo), às 39 semanas e 2 dias, a vontade era tanta que tudo se tornou fácil. Bem mais fácil e simples do que imaginava. Juntamente com o pai da Margarida, fomos descobrindo que depois do A vinha o B, que se seguiria o C... e assim sucessivamente até chegarmos ao tão temível Z - o parto! 

O parto foi um momento tão especial e íntimo, que sinto apenas vontade de relatá-lo à outra interveniente da história, que, a seu tempo, saberá como cá chegou. Naquela sala de partos, cada um fez o seu trabalho. Eu tive a força, a Margarida a vontade, e o pai as mãos e as palavras que eu precisava. Naquela sala de partos, cheia de gente, a certa altura, existia eu, a minha força e a voz do pai da Margarida. Apenas nós. E foi nesse momento que a Margarida se juntou ao 'nós', às nossas lágrimas, aos nossos corações acelerados. A memória de termos sido apenas nós, mesmo numa sala repleta de gente, é a que fala sempre mais alto, quando recordo aquele momento único. 

Foram 263 dias a prepararmo-nos para o resto das nossas vidas. E nada, absolutamente nada nos poderia ter preparado para o que viria, para o que é, para o que ainda está por vir. Agora sei que é precisamente aí que reside a grande magia de tudo isto. Sabemos apenas que somos e seremos os três, mesmo numa sala repleta de gente.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

É o Té

O Té não era propriamente um gato meigo. Sabia sê-lo, mas apenas quando queria. Como qualquer gato, o Té era tudo menos paciente e tolerante com criaturas da espécie humana. Até que apareceu uma menina que, embora o assuste com tamanha energia e cordas vocais, lhe roubou o coração. 

Ainda antes da chegada da Margarida, o Té, volta e meia, escapulia-se para a cama dela, onde o encontrávamos muito bem instalado, naquele recanto imaculado, que aguardava a chegada da sua (verdadeira) inquilina. Na altura, brincávamos que o Té achava que o berço seria um presente para ele. Agora, de coração roubado, acredito que o Té estava a antever quem aquela cama iria receber e que, ele próprio, a esperava ansiosamente, enquanto fabricava quilos de paciência para os tempos que se aproximavam. 

Não é preciso estar muito atento para perceber que o Té gosta de estar de olho nela, que de vez em quando vai até ao quarto onde ela dorme assegurar-se de que tudo está em ordem, que faz de tudo para se aproximar - sempre mais um bocadinho, que deixa que ela lhe puxe o pelo, as orelhas e o coração.

Ela puxa. Ele faz ron-ron. E ela gosta tanto de o ter por perto que, sempre que o vê passar, foge-lhe um sentido e profundo "Téééé!". Nós confirmamos sempre, é o Té.

Ok, em boa verdade, 'té' é o que mais ouvimos a Margarida "dizer", mesmo sem o gato por perto. Mas a primeira vez que o disse, foi a esticar-se para chegar ao gato. E eu juro que nenhum "té" é tão "té" como o "té" que lhe sai do coração sempre que vê o Té.

De facto, Margarida, "Té" assenta-lhe lindamente!

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